Polícia alemã impede“vigilantes” de extrema-direita que queriam “patrulhar” fronteira com a Polónia

Elementos de grupo de extrema-direita planeavam realizar uma acção em local de passagem de migrantes que vêm da Bielorrússia e entram na Alemanha

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Requerentes de asilo iraquianos na Polónia KACPER PEMPEL/Reuters

A polícia alemã anunciou no domingo que tinha impedido mais de 50 elementos de um grupo com ligações à extrema-direita de levar a cabo uma “patrulha” na fronteira com a Polónia com o objectivo de impedir a passagem de migrantes. Estavam armados com gás pimenta, bastões e ainda uma baioneta e um machete.

Os vigilantes responderam a um apelo de um pequeno partido de extrema-direita chamado a Terceira Via, que se suspeita ter ligações a grupos neonazis. O partido pediu aos seus apoiantes que fossem para perto de Guben, cidade de 17 mil habitantes, junto à fronteira com a Polónia. “Centenas de passagens ilegais? Vamos para a fronteira”, dizia o apelo, esclarecendo ainda que quem quisesse juntar-se à acção no sábado à noite deveria ter roupa escura adequada às condições do tempo, uma lanterna e, se possível, óculos de visão nocturna, escreve o semanário Die Zeit.

A polícia acabou por impedir a acção dos vigilantes, divididos em vários grupos, e apreendeu as armas que os 50 suspeitos levavam, obrigando-os a deixar a zona no sábado à noite e na madrugada de domingo, disse um porta-voz citado pela agência Reuters. Alguns dos suspeitos eram de localidades perto, enquanto outros tinham viajado de outras partes da Alemanha, incluindo de Berlim e da Baviera, segundo a emissora alemã Deutsche Welle.

Além da acção da extrema-direita, houve uma manifestação contra, com dezenas de pessoas a fazer uma vigília no sábado em Guben para mostrar a sua oposição às anunciadas patrulhas dos extremistas.

A Alemanha deslocou 800 polícias para a fronteira com a Polónia para impedir a passagem de migrantes vindos da Bielorrússia, disse o ministro do Interior, Horst Seehoffer, ao Bild am Sonntag, edição de domingo do jornal de grande circulação Bild. O ministro indicou que este ano houve 6162 entradas não autorizadas de pessoas vindas da Bielorrússia e da Polónia.

Muitos Estados europeus acusam o regime de Alexander Lukashenko de estar a enviar migrantes e requerentes de asilo para a Europa, organizando mesmo voos e levando as pessoas de autocarro até postos fronteiriços com países como a Lituânia, Letónia e Polónia, dizendo-lhes que a fronteira está aberta e que podem passar.

A medida é vista como uma represália do regime de Lukashenko por causa das sanções que lhe foram impostas pela União Europeia por causa da repressão brutal aos protestos da oposição, na sequência das eleições que foram consideradas fraudulentas e ainda do desvio e aterragem forçada de um avião comercial para prender o jornalista Roman Protasevich e a sua namorada, Sofia Sapega. 

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