Greve Climática Estudantil sai à rua sexta-feira porque “temos de agir”
Os activistas pela clima voltam a sair à rua para protestar nesta sexta-feira, 22 de Outubro. Há manifestações marcadas para Algarve, Alcácer do Sal, Braga, Caldas da Rainha, Guimarães, Lisboa, Leiria, Porto e Santarém.
Depois de terem saído à rua a 24 de Setembro, os membros da Greve Climática Estudantil regressam aos protestos na sexta-feira, dia 22, para voltar a apelar à interseccionalidade da luta, sob o mote da #UprootTheSystem. “A crise climática não existe num vácuo”, explica ao P3 Diogo Martins, um dos responsáveis do movimento, acrescentando que, por isso, “não se pode dissociar da crise social”.
Os activistas querem apelar ao combate da crise climática através de outros problemas que estejam na sua raiz, como racismo, sexismo, desigualdades de classe e outras formas de injustiça e opressão. Segundo o activista de Albufeira, os impactos das alterações climáticas são ainda mais difíceis de suportar para estas minorias. “Trabalhadores nas indústrias poluentes, mulheres, pessoas LGBTQIA+ e povos indígenas – todas estas comunidades estão mais susceptíveis às alterações climáticas”, enumera.
O estudante denuncia ainda o que entende ser um processo de greenwashing levado a cabo por empresas como Galp, Shell e EDP, que afirmam estar em transição energética. “Na verdade, o que estas empresas fazem é encerrar as suas infra-estruturas em Portugal, cortando as suas emissões cá, mas mobilizando-as para países do Sul global”, critica. Ideia que vai ao encontro do seu argumento: as consequências da crise climática acontecem em comunidades e territórios já vulnerabilizados.
“Temos de agir, este é um movimento político muito relevante”, começa por dizer Diogo Martins, adicionando que os actuais planos carbónicos a nível nacional, debatidos tanto na Assembleia da República, como para o Orçamento de Estado, “são insuficientes para o desafio” que aí vem: “Precisamos de planos políticos com metas a curto prazo”.
As mobilizações pelo clima, a nível nacional, estão marcadas para Algarve (manifestação que vai sair da Escola Secundária Pinheiro e Rosa até ao Jardim Manuel Bívar, às 10h30), Alcácer do Sal (pintura e colocação de uma faixa no Largo Luís Camões), Braga (pintura de um mural à frente da Brasileira, às 17h), Caldas da Rainha (Praça dos Touros, às 15h), Guimarães (conversas online às 15h e às 21h30), Lisboa (manifestação com início na Escola Secundária António Arroio, às 10h), Leiria (Estádio Dr. Magalhães Pessoa, às 14h), Porto (Avenida dos Aliados, às 15h) e Santarém (Jardim da República, às 10h).
A Greve Climática Estudantil está inserida no movimento Fridays for Future e, a nível mundial, decorre na Europa, sobretudo na Alemanha. O movimento realiza protestos desde 2018, ano em que a activista sueca Greta Thunberg, então adolescente, faltou durante várias semanas às aulas em frente ao parlamento sueco. Na greve de 24 de Setembro foram mobilizadas 800 mil pessoas por todo o mundo e em Portugal cerca de mil activistas saíram à rua.
Texto editado por Amanda Ribeiro