Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos. Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas
O podcast No País dos Arquitectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO.
No 13.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora Building Pictures, conversa com os arquitectos Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos, a dupla do atelier Menos é Mais que nos fala sobre o Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas. Este projecto de vocação transdisciplinar caracteriza-se por ser um centro de criação das artes visuais, performativas e audiovisuais/multimédia com a missão de conhecer, divulgar e produzir cultura emergente.
Resultado de uma colaboração entre o atelier Menos é Mais (Porto) e o arquitecto João Mendes Ribeiro (Coimbra), esta intervenção une diferentes tempos, explorando o contraste entre as linguagens construtivas do passado e presente. O principal objectivo do projecto era manter o carácter do edifício industrial do século XIX, criando um diálogo entre a estrutura preexistente (antiga fábrica de álcool e tabaco) e o novo centro de arte e cultura, com residências artísticas, oficinas, salas expositivas, espaços multiusos, laboratórios, estúdios de arte.
Durante a nossa conversa, os arquitectos lembram que a primeira vez que observaram a imagem do edifício industrial foi na folha de rosto do concurso público internacional. A fotografia revelava as ruínas da fábrica com as cumeeiras do telhado a relacionarem-se com a montanha da Serra de Pau. Segundo a arquitecta Cristina Guedes, o mais importante era “preservar aquela ruína e prolongar os edifícios no tempo, permitindo que eles fossem transformados e ocupados de diversas formas”.
Com a polivalência que a linguagem contemporânea exige, contexto e contiguidade contribuem agora para a nova vida na fábrica de artes. Os espaços do complexo fabril são marcados pela alvenaria original, a pedra de basalto robusta; e o betão com inertes de pedra basáltica tem incluído um pigmento que lhe confere uma aparência mais escura e torna expressiva a materialidade das novas edificações.
O nome Arquipélago sugere que o edifício de nove mil metros quadrados pertence não apenas a São Miguel, mas sim às nove ilhas e ao mundo. A localização no Atlântico Norte age como ponto de convergência de diferentes culturas, e as próprias residências artísticas estabelecem fluxos criativos com os artistas a nível regional, nacional e internacional, utilizando diferentes linguagens, moldadas pelo território e pelo património natural.
Se por um lado a arquitecta Cristina Guedes sublinha que “os arquitectos desenham o futuro”, o arquitecto Francisco Vieira de Campos reconhece que nos seus trabalhos há sempre uma relação entre Nostalgia e Tecnologia: “Existe a nossa produção e o lado nostálgico, que vem, exactamente, destas referências e destas formas de construir, que nós tentamos incorporar para fazer sentido e para dar sentido. Esta relação da tecnologia com a nostalgia é um tema que nos persegue e este edifício, em particular, é muito claro sobre essa dupla visão”.
Cheio versus vazio, passado versus presente, preexistente versus novo – são algumas das dualidades dissecadas, ao longo da conversa, ajudando-nos a compreender o equilibrado confronto de opostos neste projecto que propõe continuidades em vez de rupturas. Acompanhe-nos nesta viagem e conheça melhor a história, a investigação e as premissas que nortearam a arquitectura do Arquipélago de Artes Contemporâneas nos Açores.
No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.
Segue o podcast No País dos Arquitectos no Spotify, na Apple Podcasts ou em outras aplicações para podcast.
Conhece os podcasts da Rede PÚBLICO em publico.pt/podcasts.
Se gostas de ouvir podcasts, subscreve gratuitamente a newsletter Subscrito, com novidades e recomendações para trazer nos ouvidos.