Rússia diz que NATO deve dar o primeiro passo para normalizar relações
“Nunca houve relações, nunca houve diálogo”, afirmou o porta-voz do Kremlin, para quem a expulsão dos diplomatas russos de Bruxelas foi a “última gota”.
A NATO deve dar o primeiro passo para normalizar as relações com a Rússia, que na segunda-feira suspendeu os poucos laços que mantinha com a Aliança Atlântica, afirmou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.
“Sim, partimos dessa base, porque nós nunca desencadeámos o agravamento das relações com a NATO nem com a União Europeia”, disse o chefe da diplomacia russa em declarações aos media locais na cidade de Sochi (sul da Rússia).
O responsável indicou que a história da deterioração das relações com a NATO começou em 2008, quando o então Presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, “deu a ordem criminosa para atacar Tskhinvali”, a capital da região georgiana da Ossétia do Sul, reconhecida por Moscovo como Estado independente após a guerra russo-georgiana.
Segundo Lavrov, quando se iniciou o conflito, a Rússia insistiu em convocar uma reunião do Conselho Rússia-NATO, mas a então secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, negou categoricamente a sugestão.
Na segunda-feira a Rússia anunciou o encerramento da sua missão na NATO, em Bruxelas, e do gabinete de relação militar e da informação da Aliança em Moscovo, em resposta à expulsão de oito dos seus diplomatas.
Lavrov indicou que a decisão foi tomada porque estavam a ser impostas restrições aos representantes russos juntos da NATO que dificultavam o seu trabalho.
“O mais importante, e isso foi dito oficialmente, é que se interromperam todos os contactos entre os militares”, acrescentou.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, assegurou na sua conferência de imprensa diária que a Rússia “formalizou uma situação de facto” ao suspender a sua missão junto da NATO e a do gabinete da Aliança em Moscovo.
“Nunca houve relações, nunca houve diálogo”, disse Peskov, para acrescentar que a NATO sempre manifestou a intenção de conter a Rússia, uma atitude sempre acompanhada com “acções concertas”.
Neste contexto de tensão, sublinhou que a expulsão dos diplomatas russos de Bruxelas foi a “última gota”.