Levar recipientes de casa para o take-away já é legal. Zero quer que se torne normal

Projecto apoiado pelo Fundo Ambiental quer dar a conhecer aos portugueses este direito, tornando-o habitual no recurso às compras de comida para fora. O “braço armado” desta campanha de divulgação serão os próprios restaurantes.

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A iniciativa da Zero procura reduzir o recurso a embalagens descartáveis no take-away Nuno Ferreira Santos

Desde 1 de Julho que os portugueses podem levar os seus próprios recipientes de casa para transportar a comida que adquiram no regime de take-away, mas a medida, pedida há muito pelos ambientalistas, tarda em entrar nos hábitos diários. Com o intuito de acelerar esse processo, que poderá poupar o uso de muitas embalagens descartáveis, a Zero lançou a campanha “Take It”, com o apoio do Fundo Ambiental. A ideia é pôr os restaurantes a lembrarem os cidadãos deste direito.

“Fizemos muita força para que este direito existisse e agora que a lei está concretizada é importante que as pessoas conheçam isto”, diz Susana Fonseca, da associação ambientalista. O projecto, orçado em 30 mil euros e financiado em cerca de 90% pelo Fundo Ambiental, prevê a entrega aos restaurantes aderentes de material de divulgação sobre o direito de os consumidores utilizarem os seus próprios recipientes, que deverá ser colocado em local visível dos estabelecimentos — seja o dístico com a referência “Take it” ou um cartaz associado à iniciativa. Os responsáveis pelos espaços aderentes terão também acesso a uma formação gratuita sobre práticas ambientais no sector.

Com prazos apertados — a verba alocada tem de estar executada até Novembro —, os elementos da Zero contactaram cerca de sete mil estabelecimentos de restauração em todo o país. “Estamos a contactá-los por email e, quando não conseguimos, através de telefone. Isto não tem qualquer custo para os restaurantes e também tem vantagens para eles, pelo que podem poupar na aquisição de embalagens”, diz Susana Fonseca. A Zero dá como o exemplo o segundo valor: “Se cada recipiente descartável custar 20 cêntimos e dez clientes por dia trouxerem recipientes reutilizáveis, a poupança anual será de 720 euros.”

Com a experiência dos anos recentes de mudanças no recurso a embalagens descartáveis — como o uso de sacos de plástico nos supermercados —, a responsável da Zero sabe que, o mais provável, é que uma adesão mais abrangente dos portugueses a este novo direito só aconteça quando a sua não aplicação começar a pesar no bolso dos consumidores. E isso poderá acontecer já no próximo ano se, como está previsto na proposta do Orçamento do Estado, entrar em vigor a cobrança de uma taxa de 30 cêntimos sobre os recipientes de plástico e alumínio.

Mas a “Take It” quer que os portugueses não esperem por esse empurrão e comecem, desde já, a utilizar cada vez mais os seus próprios recipientes, quando decidem comprar comida para levar. Até porque, lembram, as embalagens representam 36% dos resíduos urbanos na Europa. “Estaremos a contribuir para a redução de resíduos e a ajudar os restaurantes, que passaram por tantos problemas durante a pandemia e que assim não terão de pagar por aquelas embalagens [descartáveis]”, diz Susana Fonseca, antes de concluir: “Vai requerer um bocadinho mais de planeamento, mas agora também já planeamos levar um saco quando vamos às compras. É uma situação clara de win-win. Todos ganham.”

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