Gang armado rapta missionários norte-americanos no Haiti

O local onde o rapto terá acontecido, segundo os relatos, pertence ao território do grupo 400 Mawozo, que tem sido acusado de orquestrar outros sequestros, reflexo do aumento da violência no país.

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O sequestro dos missionários acontece dias depois de altos responsáveis dos EUA terem visitado o Haiti, prometendo mais recursos para a força policial do país ANDRES MARTINEZ CASARES/Reuters

Um grupo de 17 pessoas, missionários e respectivas famílias, foi raptado por um gang armado no Haiti, perto de Port-au-Prince, avançou a imprensa norte-americana.

Os missionários, associados ao grupo Christian Aid Ministries, seguiam no caminho para casa, vindos de um orfanato em Croix-des-Bouquets, quando foram retirados do veículo onde seguiam e levados para parte incerta, disseram fontes de segurança haitianas à imprensa. O rapto terá ocorrido entre as oito e as dez horas da manhã de sábado.

Uma gravação de áudio a que o Washingont Post teve acesso indicava que “homens, mulheres e crianças” ligados ao grupo Christian Aid Ministries, sediado em Ohio, tinham sido feitos reféns por um gang armado. As autoridades locais apontam para um grupo de 16 norte-americanos e um canadiano.

O Departamento do Estado dos EUA afirmou ter conhecimento dos relatos, mas não adiantou detalhes. “O bem-estar e segurança dos cidadãos norte-americanos no estrangeiro é uma das principais prioridades do Departamento do Estado”, disse um porta-voz à Reuters por email.

O local onde o rapto terá acontecido, segundo os relatos, pertence ao território do gang 400 Mawozo, que tem sido acusado de orquestrar outros sequestros este ano, nomeadamente de um padre e de uma freira francesa em Abril.

O gangue 400 Mawozo, que tem o seu território perto de Ganthier, no lago Azuei, costuma apontar a grupos religiosos e mais recentemente tem realizado sequestros de maior escala, procurando veículos em estradas mais movimentadas.

O episódio coincide com um grande aumento de crimes relacionados com gangs no Haiti – que tem o mais alto número global de sequestros per capita –, depois de terem abrandado aquando a morte do Presidente, Jovenel Moïse, e com o terramoto de magnitude 7,2 da escala de Richter que matou mais de 2200 pessoas.

Nos oito primeiros meses de 2021, foram reportadas à polícia haitiana pelo menos 328 vítimas de sequestro, comparando com o total de 234 vítimas registadas em todo o ano de 2020, segundo um relatório publicado no mês passado pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH).

Um grupo da sociedade civil local diz serem mais de 600 os raptos registados nos três primeiros trimestres deste ano - durante o mesmo período em 2020 foram 231, escreve a BBC.

O sequestro dos missionários acontece dias depois de altos responsáveis dos EUA terem visitado o Haiti, prometendo mais recursos para a força policial do país, incluindo 15 milhões de dólares para ajudar a reduzir a violência de gangs, que este ano obrigou à deslocação de milhares de haitianos que vivem agora em abrigos temporários com poucas condições.

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