Maioria do conselho nacional chumba proposta de Rio para adiar eleições internas
Líder do PSD pretendia suspender directas até à votação do Orçamento do Estado para 2022, mas saiu derrotado. Votação marcada para 4 de Dezembro.
Uma maioria expressiva de 70 conselheiros nacionais votou contra a proposta de Rui Rio de adiar a marcação das eleições directas para a escolha do novo líder até ao desfecho da votação do Orçamento do Estado para 2022. Quarenta votaram a favor e registaram-se quatro abstenções, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO. Entretanto, foi aprovada por 62% dos votos favoráveis a data das directas: 4 de Dezembro. O congresso será assim entre os dias 14 e 15 de Janeiro.
No requerimento, Rui Rio considerava “desaconselhável, e de elevado risco” que o partido entrasse “desde já numa disputa eleitoral interna, com a consequente instabilidade que tal sempre provoca e que o enfraquece externamente, antes de se saber se o país terá eleições legislativas antecipadas a curto prazo”.
O argumento do líder do partido não colheu junto da maioria dos conselheiros nacionais. Após o chumbo da proposta de Rui Rio, o secretário-geral, José Silvano, admitiu ser uma “derrota” para o líder do partido, referindo que os conselheiros nacionais “não valorizaram” a possibilidade de o Orçamento chumbar e haver crise política.
Questionado sobre se o líder a eleger a 4 de Dezembro for diferente do actual e como é que se gere o processo das legislativas (elaboração de listas de deputados, por exemplo), o dirigente remeteu as questões para um novo conselho nacional, que é o órgão máximo entre congressos. Só os conselheiros nacionais podem entender que é o líder em funções ou o líder eleito que gere o processo das legislativas, já que o congresso só fica para Janeiro e é aí que são eleitos os restantes órgãos nacionais do partido. José Silvano lembrou, no entanto, que o actual líder está em funções, em termos estatutários, até 12 de Fevereiro.
À chegada à reunião desta noite, Rui Rio respondeu aos críticos internos, que o acusaram de lançar uma “manobra táctica” para ganhar tempo na corrida eleitoral interna, afirmando que estão a tentar um “assalto ao poder”.
No discurso de arranque do conselho nacional, o líder do partido saudou a vitória nas autárquicas e considerou que “está aberta a porta” para as legislativas de 2023.