Há dois novos membros portugueses na Academia Brasileira de Letras

Guilherme d’Oliveira Martins e Telmo dos Santos Verdelho foram eleitos para ocuparem, respectivamente, as cadeiras deixadas vagas por Eduardo Lourenço e João Malaca Casteleiro.

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Guilherme d'Oliveira Martins Rui Gaudêncio

O jurista Guilherme d’Oliveira Martins e o professor universitário Telmo dos Santos Verdelho foram eleitos esta quinta-feira, no Rio de Janeiro, para ocuparem as cadeiras de sócios correspondentes da Academia Brasileira de Letras (ABL) deixadas vagas pelos recentes desaparecimentos de Eduardo Lourenço (1923-2020) e João Malaca Casteleiro (1936-2020).

Em comunicado, a ABL explica que os novos membros portugueses irão ocupar, respectivamente, as cadeiras n.º 20 e 18. E acrescenta dois outros nomes, que irão completar o preenchimento das vinte cadeiras reservadas ao núcleo de sócios correspondentes da instituição literária fundada no Rio de Janeiro no final do século XIX: o historiador norte-americano e biógrafo de Clarice Lispector Benjamin Moser, que irá ocupar o lugar de outro membro português entretanto falecido, Joaquim Veríssimo Serrão (1925-2020), e o ex-Presidente do Uruguai Julio María Sanguinetti, que ocupará a cadeira do jornalista e escritor romeno Augustin Buzura (1938-2017).

Guilherme d’Oliveira Martins, de 69 anos, é actualmente administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, além de professor convidado em universidades de Lisboa e também sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

Telmo dos Santos Verdelho é professor catedrático da Universidade de Aveiro. Como historiador e investigador, foi autor da obra As Palavras e as Ideias na Revolução Liberal de 1820 (1981), além de diversas outras publicações ao longo da sua longa carreira.

Ouvido pelo PÚBLICO, Guilherme d’Oliveira Martins disse-se “surpreendido, mas honrado com a eleição”, de que teve conhecimento já na noite desta quinta-feira. “Além de uma honra, é uma grande responsabilidade, por suceder ao professor Eduardo Lourenço”, acrescentou o professor e jurista, realçando “o papel entusiasta” desempenhado na sua eleição pelo advogado Celso Lafer, que foi ministro brasileiro das Relações Exteriores no Governo de Fernando Henrique Cardoso.

Oliveira Martins manifestou também a sua “alegria” pela eleição de Telmo dos Santos Verdelho, “alguém que prestigia a língua portuguesa”.

“É uma grande responsabilidade”, acrescenta ainda o ex-ministro em diferentes governos socialistas, dizendo conhecer bem o trabalho da prestigiada Academia brasileira. Ainda sem saber quando os dois novos membros portugueses serão chamados a sentar-se na instituição do Rio de Janeiro, Oliveira Martins diz enfrentar esse novo desafio com “a expectativa positiva de contribuir para a causa da cultura, da educação, da ciência, mas também da paz, do respeito mútuo e do entendimento entre as pessoas”, lembrando que essa missão esteve já inscrita no programa delineado pelo fundador da ABL, o escritor Machado de Assis (1839-1908), que nela ocupou a cadeira n.º 1, em 1897.

Além dos vinte sócios correspondentes estrangeiros, têm assento vitalício na Academia 40 personalidades da vida literária e cultural brasileira. Segundo avança o diário Globo, a recomposição do elenco principal da instituição, na sequência da morte do diplomata e escritor Affonso de Mello Franco (1930-2020), está marcada para o próximo dia 4 de Novembro, e para ocupar esse lugar, na cadeira n.º 17, é candidata já oficial a actriz Fernanda Montenegro.

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