NATO expulsa oito diplomatas russos por suspeitas de espionagem
Moscovo nega as acusações e diz que a medida arruína “quase por completo” a possibilidade de retomar o diálogo e de normalizar as relações entre a Rússia e a aliança transatlântica.
A NATO expulsou oito diplomatas russos da sua sede em Bruxelas, acusando-os de serem agentes dos serviços de informação russos. “Confirmamos que retirámos a acreditação de oito membros da missão russa da NATO, que eram funcionários dos serviços de informações russos”, disse na quarta-feira um responsável da aliança. “Também confirmamos que reduzimos para dez o número de cargos que a Rússia pode acreditar junto da NATO”, continuou. Os diplomatas devem deixar a sua sede, em Bruxelas, até ao final do mês.
Segundo a Sky News, a expulsão foi a “resposta à suspeita de actividades russas malignas, incluindo assassinatos e espionagem”. A decisão terá sido tomada na terça-feira pelos Estados-membros, depois de terem surgido informações em Abril sobre a suspeita do envolvimento russo numa explosão fatal num depósito de munição na República Checa em 2014, refere a televisão britânica.
A última vez que a NATO tomou uma medida semelhante foi em 2018, na sequência do envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e da sua filha, Iulia, em Salisbury, diminuindo de 30 para 20 a missão russa na sede da aliança. As relações entre a aliança transatlântica e Moscovo têm sido tensas desde 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia.
“A política da NATO permanece consistente. Fortalecemos a nossa capacidade de dissuasão e defesa em resposta às acções agressivas da Rússia, mantendo ao mesmo tempo uma porta aberta para um diálogo significativo”, acrescentou o responsável.
Moscovo respondeu esta quinta-feira à decisão, considerando que arruína “quase por completo” a possibilidade de diálogo e da normalização das relações. “Há uma contradição óbvia nas declarações dos representantes da NATO sobre o seu desejo de normalizar as relações com o nosso país e nas suas acções concretas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Leonid Slutsky, dirigente do Comité de Assuntos Internacionais da câmara baixa do Parlamento russo, negou as acusações contra os diplomatas russos e disse à agência noticiosa Interfax que Moscovo poderá retaliar, sem adiantar detalhes.