O eurodeputado e conselheiro nacional do CDS-PP, Nuno Melo, uma das vozes que têm criticado a actual liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, apresenta neste sábado a sua candidatura à presidência dos democratas-cristãos. A sessão decorrerá no Porto e contará com a presença de muitos rostos conhecidos do partido, mas vai haver algumas surpresas.

Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, a sessão está marcada para as 15h00, deste sábado, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, no Porto, e contará com a presença de 150 convidados.

Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente do CDS-PP, que chegou a ponderar candidatar-se, será um dos rostos presentes na apresentação da candidatura, bem como o ex-deputado Álvaro Castello-Branco, antigo líder da distrital do CDS-Porto e vice-presidente de Rui Rio na Câmara do Porto. O deputado João Almeida, que há dois anos disputou a liderança do partido, tendo perdido para Francisco Rodrigues dos Santos, deverá engrossar a lista de apoiantes de Nuno Melo. Garantida está a presença do líder da distrital de Lisboa do CDS, João Gonçalves Pereira.

Segundo fonte da candidatura, a sessão contará também com “muitas pessoas do partido, mas também independentes, num sinal de agregação e de crescimento”, porque, sublinha a mesma fonte, “é preciso inverter o ciclo de saída de pessoas do partido” e “travar a sedimentação no terreno de partidos como a Iniciativa Liberal e o Chega”.

Outra fonte ligada à candidatura declarou nesta quarta-feira ao PÚBLICO que o principal propósito de Nuno Melo é “trazer para o partido pessoas que estão afastadas do CDS há muito tempo, mas também independentes e autarcas”. “Precisamos de ir buscar os melhores, é preciso ir buscar pessoas à sociedade civil, às universidades, no sentido de darem contributos para o desenvolvimento do país”, acrescentou a fonte, vincando que a candidatura de Nuno Melo “tem a marca viva do CDS, numa perspectiva agregadora — por cada um, é preciso trazer mais três”.

Os recém-eleitos nas autárquicas de 26 de Setembro, designadamente vereadores, deputados municipais e presidentes de junta, vão estar no Palácio da Bolsa para apoiar o eurodeputado e líder da distrital do CDS de Braga.

Os contornos mais nítidos de uma candidatura de Nuno Melo à liderança do CDS começaram a desenhar-se em Janeiro deste ano, em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, na qual o eurodeputado e líder da distrital do CDS de Braga admitiu estar a ponderar avançar no próximo congresso do partido, por considerar que a actual situação está a “arrastar o partido para o fundo”.

Mais tarde, em Julho, no jantar de encerramento das jornadas parlamentares do CDS, em São João da Madeira, Nuno Melo marcou terreno para a disputa da liderança e não deixou margem para dúvidas a outros dirigentes e militantes que têm criticado a direcção.

Agora, o anúncio da candidatura do ex-vice-presidente do partido acontece na véspera da realização do conselho nacional do CDS-PP, que vai decorrer por videoconferência no domingo, a partir das 9h, para marcar o XXIX congresso ordinário, que será antecipado, uma reunião em que serão ainda analisados os resultados das autárquicas, segundo informação adiantada à agência Lusa.

No dia 1 de Outubro, numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que se vai recandidatar à liderança do partido e que tinha já pedido ao conselho nacional a marcação do próximo congresso electivo.

 Há dias, Nuno Melo escolheu o Facebook para denunciar um conjunto de preocupações com o CDS, como a perda de votos e o crescimento de partidos como o Chega e a IL e deixou uma farpa a Francisco Rodrigues dos Santos: “Preocupa-me se qualquer direcção do partido não se preocupar suficientemente com isto.” E deixou a garantia que “dentro de dias” dará a conhecer a sua decisão relativamente ao congresso que se avizinha.

“Muito antes das eleições autárquicas, fiz saber que a decisão que tomasse em relação ao próximo congresso, em que apresentarei uma moção de estratégia global, não dependeria dos resultados destas eleições, antes, sim, da avaliação que fizesse do estado geral do partido”, escreveu o recém-eleito presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão.