Morreu escritor açoriano Cristóvão de Aguiar

O seu percurso literário começou em 1965 e é considerado uma referência da literatura. Foi distinguido por diversas instituições e foi, em 2001, agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique.

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Câmara Municipal da Póvoa de Varzim/DR

O escritor açoriano Cristóvão de Aguiar, natural do Pico da Pedra, na ilha de São Miguel, morreu esta terça-feira aos 81 anos, em Coimbra, disse à agência Lusa Chrys Chrystello, presidente da Associação Internacional Colóquios da Lusofonia.

Cristóvão Dias de Aguiar nasceu a 8 de Setembro de 1940, no Pico da Pedra, e era uma referência da literatura, com um longo percurso iniciado em 1965 com a publicação do livro de poesia Mãos vazias.

Na sua vasta obra literária, destacam-se a trilogia romanesca Raiz Comovida, O Braço Tatuado (onde relata a sua experiência como combatente na Guiné durante a Guerra Colonial) e Relação de Bordo, conjunto de diários que abrange os anos de 1965 a 2015.

Traduziu ainda a A Riqueza das Nações, de Adam Smith, numa edição da Fundação Calouste Gulbenkian.

Cristóvão de Aguiar venceu, entre outros, o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal do Porto e o Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra.

Distinguido por diversas instituições e em várias áreas, Cristóvão de Aguiar foi, em 2001, agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique.

O escritor recebeu também a insígnia Autonómica de Reconhecimento da Região Autónoma dos Açores e a medalha de mérito municipal do concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel, de onde é natural.

Ao longo de 40 anos de vida literária foi também homenageado pela Reitoria da Universidade de Coimbra, através da edição de uma publicação onde é reconhecido como um escritor de mérito.

Cristóvão de Aguiar foi, ainda, homenageado pela Universidade do Minho e pela Secretaria Regional da Cultura dos Açores, por ocasião dos 50 anos de vida literária, com a edição das suas obras completas entre 2015 e 2020.

Numa nota enviada esta noite às redacções, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, lamentou a morte do escritor açoriano, reconhecendo que a região “perde muito” com a sua morte, mas valorizando o “legado” que fica através da sua obra.

“A literatura portuguesa, a lusofonia e sobretudo os Açores perdem muito hoje com o seu falecimento”, sublinha José Manuel Bolieiro, citado na mesma nota.

O chefe do executivo açoriano defende que os Açores ficaram “mais ricos pela sua existência e legado”, mas estão, naturalmente, “empobrecidos pelo seu falecimento”.