Montenegro não tenciona “protagonizar nenhuma candidatura” ao PSD e Relvas dá gás a Rangel
Ex-candidato a presidente do partido diz que Rui Rio não pode “embandeirar em arco” com resultado das autárquicas. Já Miguel Relvas entende que Paulo Rangel é neste momento o homem “mais bem posicionado para avançar”.
Luís Montenegro, ex-candidato derrotado à presidência do PSD, não vai avançar, pelo menos para já, numa nova corrida ao cargo, embora considere que só se justifica Rui Rio recandidatar-se se sentir que pode recuperar eleitoralmente para vencer as legislativas de 2023. Montenegro deixa assim aberta a possibilidade de apoiar outro candidato. sem concretizar. Já o antigo secretário-geral do partido Miguel Relvas acha que Rangel é o homem mais bem posicionado para avançar.
“Não tenciono protagonizar nenhuma candidatura por várias razões. As principais são que eu tinha um projecto de afirmação política do PSD a quatro anos, quando me apresentei a votos há dois anos, e creio que não tendo acontecido nessa altura, não é que não pudesse acontecer agora outra vez, mas envolvi-me em projectos de natureza profissional, pessoal, familiar que não queria deixar a meio”, diz Montenegro em entrevista o Jornal de Notícias e TSF. E acrescenta: “O PSD não pode transformar-se num partido tribal, em que há o nós e o eles, em que há, digamos, forças, agora chama-se tropas eleitorais deste ou daquele, e que há combates que são de tal maneira violentos na agressividade verbal, hoje agudizada pelo fenómeno das redes sociais, que faz com que criemos uma situação de quase ódio interno.”
O antigo líder da bancada parlamentar do PSD assegura “não ter nada combinado com ninguém” relativamente às eleições do PSD. “E não afasto nada. Vou aguardar serenamente a marcação das eleições, aguardar que os candidatos se perfilem e depois vou contribuir, quanto mais não seja com ideias, para que o PSD possa sair reforçado de uma vez por todas.” "Logo veremos quem se disponibiliza e se há alguém que o faça.”
Sobre as eleições internas, que podem realizar-se em Janeiro do próximo ano, o ex-líder parlamentar do PSD acha relativamente natural que existam duas candidaturas, embora acrescente que “não é obrigatório” que assim seja. “O dr. Rui Rio não está obrigado a candidatar-se. Ele candidatar-se-á se sentir que terá ainda espaço de recuperação eleitoral para poder vencer as eleições legislativas. Só isso é que justifica a sua recandidatura”, salienta.
Já sobre os resultados do partido nas autárquicas do passado dia 26 de Setembro, afirma que “não é tempo de embandeirar em arco” e “pensar que o trabalho está feito”.
“O dr. Rui Rio fez um bom trabalho no que toca às eleições autárquicas. Ponto. Está o dr. Rui Rio hoje em condições de poder dizer que é uma alternativa sólida, consistente para ganhar as eleições ao PS? Não. Se pode vir estar? Depende dele”, clarifica.
Apoio explícito a Rangel
Já Miguel Relvas entende que Paulo Rangel é neste momento o homem “mais bem posicionado para avançar” para a liderança do PSD e sugere que uma eventual alternativa à actual direcção não deve avançar fraccionada.
No programa Lei da Bolha, da TVI, o ex-ministro-adjunto de Pedro Passos Coelho admitiu que Rui Rio “sai melhor das eleições autárquicas do que estava antes”, mas a questão maior continua a colocar-se: “A questão é saber se Rui Rio teria as mesmas condições se fossem eleições legislativas, e apesar de haver um descontentamento grande em relação ao PS e ao Governo, isso não se sente com evidência porque não há uma alternativa real”.