Partido Verde britânico tem nova liderança e quer ser uma “força eleitoral capaz de chegar ao poder”

Denyer e Ramsay vão chefiar o partido ecologista de Inglaterra e do País de Gales. Dupla apresenta ambição renovada depois do bom desempenho nas eleições locais de Maio.

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Carla Denyer e Adrian Ramsay querem disputar o estatuto de terceira força eleitoral no Reino Unido com os Liberais-Democratas The Green Party/Twitter

O Partido Verde de Inglaterra e do País de Gales anunciou esta sexta-feira a dupla vencedora da corrida eleitoral à sua co-liderança. Trata-se de Carla Denyer e Adrian Ramsay, que querem construir sobre o bom desempenho dos ecologistas nas últimas eleições locais para transformarem o partido “numa força eleitoral capaz de chegar ao poder” nos próximos anos.

“Chegou a altura de os Verdes brilharem”, proclamou Denyer, citada pela BBC, depois de conhecidos os resultados da eleição interna. “Pretendemos liderar este partido até ao sucesso eleitoral que acreditamos estar ao nosso alcance. É possível um futuro melhor”.

Sublinhando que o partido pretende aumentar a sua representação em todos os centros de poder possíveis, Ramsay disse ainda que a nova liderança quer “demonstrar” aos eleitores que o Partido Verde tem capacidade para ser “uma força política séria” em Inglaterra e no País de Gales.

Apesar de só terem um representante na Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido – a histórica deputada Caroline Lucas, que também já liderou o partido em dois momentos diferentes –, os Verdes conseguiram o seu melhor resultado de sempre nas eleições locais de Maio.

O partido conquistou 155 lugares e aumentou para 445 o número total de representantes a nível local, distribuídos por 141 councils em território inglês e galês. Igualou ainda o Partido Trabalhista como a força política mais representada em Bristol City e teve o seu melhor resultado de sempre nas eleições para a Assembleia de Londres, elegendo três deputados.

Mais: de acordo com a última sondagem da YouGov (28-29 de Setembro), o Partido Verde surge como terceira força política nas intenções de voto dos britânicos, com 9%, numa luta interessante com os Liberais-Democratas (8%) – a mesma sondagem dá 39% ao Partido Conservador, no Governo, e 31% aos trabalhistas, principal força na oposição. As legislativas britânicas estão previstas apenas para 2024.

Para além de se inspirar no crescimento eleitoral dos partidos ecologistas e ambientalistas em vários países europeus, o Partido Verde inglês e galês conta também com o bom exemplo dos Verdes Escoceses para se motivar.

Depois de terem conseguido eleger sete deputados nas eleições para o parlamento de Edimburgo, também em Maio, os ecologistas da Escócia acabaram por integrar a coligação de governo pró-independência, liderada pelo Partido Nacional Escocês (SNP), e tiveram direito a duas secretarias de Estado: Edifícios de Carbono Zero, Turismo Activo e Direitos dos Inquilinos; e Competências Verdes, Economia Circular e Biodiversidade.

“Momento crucial”

Carla Denyer é councillor em Bristol desde 2015 – primeiro em representação do círculo eleitoral de Clifton East, depois do círculo de Clifton Down – e foi uma das impulsionadoras da declaração de emergência climática na cidade inglesa, em 2018. Tem 36 anos.

Adrian Ramsay, de 40 anos, foi vice-líder do Partido Verde entre 2008 e 2012, depois de já ter sido councillor em Norwich entre 2003 e 2011. Entre 2014 e 2020 presidiu a duas organizações promotoras de alternativas energéticas renováveis e sustentáveis (Centre for Alternative Technology e MCS Charitable Foundation) e foi um dos co-autores da estratégia eleitoral do partido para a votação de Maio.

Nesta eleição interna dos Verdes, a dupla concorria contra outras duas duplas (Amelia Womack e Tamsin Omond; e Martin Hemingway e Tina Rothery) e duas candidaturas individuais (Shahrar Ali e Ashley Gunstock). 

Denyer e Ramsay  tiveram 44% dos votos nas primeiras escolhas dos militantes e 62% na segunda volta. Vão substituir Sian Berry e Jonathan Bartley na co-liderança do partido e dizem que chegou a altura de o país dar início às mudanças necessárias para combater as alterações climáticas e para dar às pessoas as ferramentas necessárias para se adaptarem a essa emergência.

“O nosso país está em crise – bombas sem gasolina, prateleiras dos supermercados vazias e milhões [de pessoas] a caminho do Inverno com receio do aumento do preço dos combustíveis”, lamenta Ramsay. “Tudo isto agravado pelo vício da nossa sociedade nos combustíveis fósseis”.

“Estamos num momento crucial da História”, acrescenta Denyer. “E é notório que os principais partidos políticos falharam em trazer as mudanças que são necessárias”.

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