Urgências pediátricas do Algarve garantidas durante Outubro, apesar de carência de profissionais
Conselho de Administração do CHUA garante que as escalas estão normalizadas e asseguradas com profissionais todos os dias e todas as noites, em ambos os hospitais daquela unidade hospitalar, Portimão e Faro.
O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) vai garantir o serviço de urgências pediátricas durante a primeira quinzena do mês de Outubro, ao contrário do que algumas notícias publicadas durante a última semana dão conta. Ao PÚBLICO, Paulo Neves, membro do Conselho de Administração, confirma que nos primeiros 15 dias de Outubro “as urgências pediátricas estarão a funcionar com normalidade.”
“As escalas estão normalizadas, estão asseguradas com profissionais todos os dias e todas as noites, em ambos os hospitais [Portimão e Faro]”, garante, aplaudindo a “disponibilidade e sacrifício” dos médicos daquela unidade para assegurar o serviço.
A carência de médicos especialistas no Algarve não é uma novidade e também não é exclusiva da pediatria. Como Paulo Neves conta, pelo menos desde 2017 que se tem vindo a falar da falta de profissionais para cobrir todas as necessidades. O CHUA conta com 24 pediatras, dez dos quais têm mais de 55 anos, o que significa que, se assim desejarem, não precisam de fazer urgências. A um quadro de profissionais envelhecido acresce ainda que alguns deles estão de baixa médica.
A piorar esta situação de carência contribuíram também as férias de alguns médicos, uma vez que devido à pandemia de covid-19, durante os últimos 18 meses foi pedido aos médicos de todo o país que adiassem as férias - uma medida para colmatar a falta de profissionais num momento necessário.
“A região tem um défice crónico de alguns especialistas como a pediatria, mas também cirurgia, anestesiologia que é o mais grave de todos”, explica o dirigente hospitalar. Por isso, apesar de as urgências pediátricas estarem garantidas na primeira quinzena do mês para as 90 mil crianças e jovens do Algarve é necessário pensar no futuro. “A luta não pára”, diz Paulo Neves, que lembra: “temos mais a segunda quinzena e mais as outras especialidades” para planear.
O membro do Conselho de Administração do CHUA não descarta, contudo, a possibilidade de vir a ser necessária ajuda de outros hospitais do país, mas “por agora não”. “Numa escala seguinte, se for necessário, ainda há uma hipótese ou outra de [ajuda de] outro hospital do país que podemos vir a utilizar.”
Como explica também João Rosa, director da unidade de cuidados intensivos neonatais e pediátricos, ao PÚBLICO, nos últimos 30 anos o CHUA formou 50 pediatras dos quais ficaram apenas 19. Aquela unidade hospitalar conseguiu também atrair 15 médicos de outras zonas do país, apenas cinco continuaram. “As pessoas saem cada vez mais do Serviço Nacional de Saúde e é preciso que o Ministério da Saúde tome medidas de fundo para fixar os profissionais”, lamenta.
De acordo com Paulo Neves, o Ministério da Saúde “tem vindo a acompanhar esta dificuldade” e, como refere, intercedeu de forma a procurar os “recursos que poderiam ajudar”, “apontando caminho”. “Têm sido contactos incessantes. Mas voltamos ao mesmo assunto: o ministério não arranja médicos de repente. Os médicos são pessoas, os enfermeiros são pessoas e têm todos a sua vida e limitações”, remata.