Bruce Gilden: o retrato dos “invisíveis” de Syracuse
Em 2018, o fotógrafo da Magnum Photos encontrou cerca de 100 rolos fotográficos, esquecidos há quase 40 anos, que continham retratos dos “invisíveis” de Syracuse, no estado de Nova Iorque. As fotografias, em exposição nos Encontros da Imagem, em Braga, retratam sobretudo pessoas com deficiência mental. “Não faço distinções entre tipos de pessoas. Se as achar visualmente interessantes, fotografo.”
Durante 22 dias, em Setembro de 1981, choveu ininterruptamente em Syracuse, no estado de Nova Iorque. A penumbra que se abateu sobre as ruas da cidade tornava mais visível a depressão provocada pela vaga de desemprego que se seguiu ao abandono, na década anterior, das grandes unidades fabris da General Motors e General Electric, que relegou milhares de famílias à pobreza. A chegada da tão ansiada feira popular estadual devolvia, assim, alguma da alegria que se dissipara dos rostos dos habitantes. Durante um mês, a música, as diversões, o algodão doce ditavam um novo compasso, um novo fôlego. Um olhar atento, porém, não poderia ignorar as cicatrizes do golpe sofrido; essas estavam patentes nos trajes, nos semblantes, nos hábitos de homens, mulheres e crianças de Syracuse.
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