Na pior derrota de sempre, o PS diz que será a “alternativa democrática” a Moreira

Tiago Barbosa Ribeiro deu pela primeira vez aos socialistas do Porto uma derrota abaixo dos 20%. Garantindo ficar na câmara durante os próximos quatro anos, assegura não fazer alianças com Rui Moreira.

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Adriano Miranda

“Há quem queira aparecer nessa fotografia, mas essa é uma vitória do PS”, diz Tiago Barbosa Ribeiro aos jornalistas já por volta das 3h, depois de uma noite longa de contagem de votos, que ficou por encerrar - àquela hora faltava ainda apurar a freguesia de Lordelo do Ouro.

O candidato socialista à câmara do Porto não se refere com esta declaração aos resultados das eleições para escolher o presidente da câmara. Porque nesse capítulo foi Rui Moreira que, apesar de não alcançar a maioria absoluta desejada pelo próprio, ficou muito à frente da força partidária que ocupou a segunda posição - com 40,72% dos votos. Atrás do actual presidente da câmara ficou o PS, encabeçado por Tiago Rodrigues Ribeiro, que registou a maior derrota de sempre dos socialistas na corrida autárquica pelo Porto - conseguiu 18,02%, colado ao PSD de Vladimiro Feliz, com 17,25%.

Essa alfinetada do candidato do PS foi endereçada a Moreira, que minutos antes celebrava as juntas de freguesia que o seu movimento independente ganhou, tendo incluído nessa lista a freguesia de Campanhã, onde venceu o socialista Ernesto Santos, a quem o actual presidente da câmara deu o seu apoio durante a campanha.

Ainda assim, o socialista prefere salientar encabeçar o “maior partido do Porto”, que disputou o segundo lugar taco a taco com o PSD. Com este resultado o PS perde vereadores, pelo menos um dos quatro, e os sociais-democratas ganham pelo menos mais um, que se juntará ao que já tinham garantido em 2017. Rui Moreira poderá perder um vereador, passando a contar com seis, a CDU de Ilda Figueiredo continuará a ocupar um dos assentos, e o BE de Sérgio Aires conseguiu garantir o primeiro vereador no Porto, no conjunto de 13 assentos disponíveis na câmara.

O PS perde cerca de 10 pontos percentuais em relação a 2017, quando conseguiu chegar com Manuel Pizarro aos 28,55%. Longe vão os tempos em que, no Porto, os socialistas garantiam maiorias expressivas como aconteceu em 1993, quando Fernando Gomes conseguiu 59,64% dos votos, ou em 1997, quando o mesmo autarca chegou aos 55,75%. Em 2013, no primeiro mandato de Moreira, o PS também registou uma descida abrupta na percentagem de votos em relação ao acto eleitoral anterior, ao perderem quase 12 pontos percentuais face a 2009. Em 2021, após avanços e recuos do partido na escolha do candidato do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro poderá ter sido prejudicado por força dessa circunstância.

Porém, o candidato prefere encontrar responsabilidades noutros factores, como, por exemplo, o facto de ter como adversário Rui Moreira a terminar quatro anos de maioria absoluta, e com uma pandemia também a não ajudar a campanha.

Debaixo do “fair-play democrático”, adianta ter telefonado a Moreira para o felicitar pela vitória. O socialista, que ficará os próximos quatro anos a ocupar o lugar de vereador, vê o próximo mandato como “um ponto de partida” e não como “um ponto de chegada”.

Com o actual presidente da câmara a não conseguir garantir a maioria absoluta, o PÚBLICO pergunta se continua a garantir, como disse durante a campanha, que não fará alianças com Moreira. “Só tenho uma palavra”, responde, sublinhando que o PS ocupará a posição de “alternativa democrática”.

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