Hugo Soares diz que PSD “ainda não é alternativa”
Vice-presidente David Justino diz que resultados vão ter “implicações” na governação.
O antigo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, considerou que os resultados do PS nestas autárquicas, apesar das perdas, “não são um cartão amarelo ou alaranjado” a António Costa. Já da parte da direcção, o vice-presidente David Justino afirma que os resultados do PS e o envolvimento do primeiro-ministro na campanha terão “implicações na governação”.
No caso de Francisco Rodrigues dos Santos, os resultados do CDS, sobretudo na capital, vão arrefecer a oposição visto que foi uma opção do líder concorrer em coligação com o PSD, contrariando um dos seus maiores críticos internos – o líder da distrital de Lisboa.
Hugo Soares, que é muito próximo de Luís Montenegro, um possível candidato à liderança do PSD, tentou desvalorizar os resultados do partido, apontando para as legislativas. Com o “desgaste” do Governo, “o PS ainda conseguir estes resultados não é um cartão amarelo ou alaranjado. Isso acontece porque o PSD não é ainda alternativa”, disse, esta manhã à Antena 1. Uma leitura que diverge da que foi feita, esta madrugada, pelo próprio líder do PSD ao dizer que o partido tem agora “melhores condições” para ganhar as legislativas de 2023.
Nas últimas semanas, Luís Filipe Menezes tinha vindo a colocar pressão em Rui Rio, admitindo até vir a ser candidato caso não houvesse nenhum outro. Em declarações à TSF, o antigo presidente da câmara de Vila Nova de Gaia exclui-se de qualquer candidatura e defende prudência. “Estou fora dessa guerra. (...) Os que pensam nisso têm de ponderar duas situações – por um lado, o resultado e a vitória de Lisboa é manifestamente muito, muito importante, mas também o facto de algumas sondagens, [e] apesar do sucesso relativo do PSD, se houvesse legislativas neste momento haveria uma grande vantagem do PS”, disse o antigo líder do PSD, numa referência a uma sondagem da TVI cuja validade Rui Rio contestou.
Sem que Rui Rio tenha desvendado o que fará na próxima disputa eleitoral interna – se concorre novamente a um mandato – o PSD deu sinais fortes de satisfação com o resultado destas autárquicas. Não só por causa da surpresa de Lisboa, como também pelo desgaste provocado ao Governo.
“Ele [António Costa] quis transformar isto numa espécie de plebiscito à governação. Correu mal. E terá implicações na governação”, disse à TSF David Justino. O dirigente nacional considerou que “hoje os pilares em que assenta a governação são mais frágeis” e que ficou tremida a capacidade do primeiro-ministro para “encontrar soluções para o país”.
No caso do CDS, o partido elegeu três vereadores em Lisboa (tinha quatro eleitos em 2017), mas a vitória da coligação liderada por Carlos Moedas (e o facto de ter segurado as seis câmaras) dá um balão de oxigénio a Francisco Rodrigues dos Santos. O líder da distrital de Lisboa e ex-vereador, João Gonçalves Pereira, foi um dos maiores críticos da opção do líder do CDS de integrar a coligação com o PSD.
A surpresa de Lisboa retira margem de manobra para o próximo congresso. João Gonçalves Pereira é próximo de Nuno Melo, que se posicionou como challenger de Rodrigues dos Santos.
O eurodeputado e outros críticos da direcção têm tentado desvalorizar as sondagens, defendendo que os problemas do partido se mantêm. “O grande problema do CDS não tem a ver com autárquicas. O CDS precisa de se afirmar, de ser ouvido e de chegar às pessoas com propostas concretas”, afirmou à TSF o ex-ministro Pedro Mota Soares.