Expo 2020 Dubai: o Pavilhão de Portugal, da caravela ao azulejo, é “um mundo num país”
Na Expo 2020, que começa dia 1 de Outubro, um ano depois do previsto, Portugal quer mostrar-se “inovador” e “aberto ao mundo, com talento e diversidade”. A programação cultural e económica será apresentada na segunda-feira. As zonas de restauração do pavilhão português foram concessionadas ao chef luso-argentino Chakall: “Ser português é mais que um passaporte ou cartão de cidadão, é um sentimento. E eu sinto-me português”.
Um país “inovador”, “que surpreende”, “aberto ao mundo, com talento e diversidade”. São estas as imagens que a representação nacional quer passar ao planeta durante a Expo 2020, que vai decorrer no Dubai de 1 de Outubro de 2021 a 31 de Março de 2022. O Pavilhão de Portugal, resultante de uma parceria entre o Grupo Casais e a Saraiva + Associados, está localizado no Distrito da Sustentabilidade, com um terraço em frente ao Jubilee Park, onde decorrerão os principais espectáculos da Expo, e foi concebido a partir do tema central “Portugal, Um Mundo num País”.
Em respostas escritas enviadas à Fugas, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), responsável pela participação portuguesa, e comissário-geral para a Expo 2020, Luís Castro Henriques, sublinha que Portugal vai ao Dubai para se apresentar como “um país diverso e inclusivo, que sempre levou a sua cultura e acolheu outras, que outrora conectou o mundo pelos mares e que é, como sempre foi, aberto ao mundo”. O pavilhão português foi concebido, aliás, para reflectir esta imagem, obedecendo “a duas linhas conceptuais estruturantes”, sublinha Luís Castro Henriques. O edifício usa a caravela como metáfora, “como símbolo maior da ligação de Portugal com o mundo num processo alargado de interacção, a génese da globalização”. E a praça aberta, que se assume como prolongamento do espaço público, apresenta-se “como expressão máxima do espaço de encontro, de partilha, de junção de pessoas e culturas”, sublinha o comissário-geral.
Os materiais escolhidos para a obra também falam português: a cortiça foi utilizada de forma inovadora no mobiliário e em várias zonas de estar, a pedra em cubo transporta a calçada portuguesa para os espaços públicos exteriores e o azulejo pintado decora algumas paredes.
“Quer no Pavilhão de Portugal, quer através da programação cultural e económica, pretendemos mostrar o que temos de melhor: dos nossos destinos turísticos à cultura, da ciência ao empreendedorismo, da inovação à gastronomia, passando pelas energias renováveis, moda e joalharia ou design. E, claro, colocar a tónica no elo que tudo liga: o talento”, realça Luís Castro Henriques, para quem a Expo 2020 será “a montra perfeita para promover a imagem externa de Portugal”.
A programação oficial do Pavilhão de Portugal será apresentada na segunda-feira, dia 27 de Setembro, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e contempla, “além da natural componente cultural”, com destaque para o Festival da Lusofonia, com músicos portugueses e dos PALOP, uma aposta muito forte “na vertente económica”, ressalta Castro Henriques. “Teremos semanas temáticas a destacar vários sectores que consideramos potencialmente geradores de negócio e de relevo para apresentar nesta região do mundo: IT & Startups, Casa e Design, Moda e Joalharia, Saúde e Lazer, Agro-alimentar, Energia e Ambiente e Indústrias Culturais e Criativas. Nestas semanas estão previstas mostras de produtos, exposições e outros eventos com o objectivo de promover o que de melhor se faz em Portugal”, detalha o comissário.
O Pavilhão de Portugal, cuja obra foi formalmente entregue ao secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, no dia 19, estará dividido em vários espaços: no piso térreo há uma zona de espectáculos, a loja Portugal Concept Store, com produtos de 40 empresas portuguesas, uma cafetaria e também a área protocolar, informa o dossier de imprensa da AICEP. No primeiro piso está “o percurso expositivo, com uma área de espectáculo multimédia imersivo”. Por fim, no segundo piso, fica o restaurante Al-Lusitano, que tem um terraço voltado para o Jubilee Park, e um espaço multiusos, “que pode assumir várias configurações, com a vantagem de se estender” para o exterior.
As zonas de restauração do Pavilhão de Portugal foram concessionadas, na sequência de um concurso público, ao chef Chakall, que vai gerir a operação do restaurante Al-Lusitano, a cafetaria e ainda o serviço de catering a eventos promovidos pela participação de Portugal. Em comunicado, o chef luso-argentino adianta que apresentará “uma carta com combinações de produtos de excelência que revelam o verdadeiro sabor, autenticidade e carácter lusos”. O cozinheiro nascido na cidade de Tigre, (província de Buenos Aires), e que vive no nosso país há mais de 20 anos, garantiu que vai servir “o melhor de Portugal à mesa do mundo”.
“Ser português é mais que um passaporte ou cartão de cidadão, é um sentimento. E eu sinto-me português. Vibro e emociono-me quando ouço o hino nacional ou fado. Nada melhor que homenagear o país que me acolheu de braços abertos e do qual me sinto parte integrante através do que gosto de fazer: cozinhar. Portugal inteiro estará à mesa, de Norte a Sul”, garante o chef. Da carta constarão peixinhos da horta, ovos com alheira de aves, queijos, azeite, bacalhau, polvo, arroz de marisco, ovos-moles ou pastéis de nata. No que aos vinhos diz respeito, haverá mais de 200 referências, “representativas do que melhor se produz nas diferentes regiões”.