Vila do Conde. Autarca independente da NAU acusado de andar a “comprar” votos
Filipe Santos, candidato à Junta de Freguesia de Macieira da Maia, ofereceu 100 euros a casal idoso para votar no movimento independente, em vez do PS, mas com uma condição: tinham de fotografar o boletim de voto com a cruz na NAU. Candidato do PS, Vítor Costa, diz estar “absolutamente chocado” com tais práticas.
A disputa eleitoral em Vila do Conde está muito renhida. O PS acredita que a vitória lhe pode sorrir no domingo e assim voltar a liderar a autarquia que já foi um bastião socialista. Por seu lado, Elisa Feraz, que se recandidata a um terceiro mandato pelo Movimento Independente NAU, está a dar o tudo por tudo para ganhar as eleições autárquicas e cumprir um último mandato.
A quatro dias das eleições autárquicas, o PÚBLICO foi confrontado com informações que evidenciam a prática de procedimentos pouco recomendáveis. Um presidente de junta que se recandidata pelo Movimento Independente NAU é acusado de andar a “comprar” votos.
Há cerca de duas semanas, Filipe Santos, que se recandidata à Junta de Freguesia de Macieira da Maia, é acusado de comprar andar a votos. Há um caso concreto que foi relatado esta quarta-feira ao PÚBLICO. Trata-se de um casal de idosos que foi abordado pelo autarca e que lhes prometeu pagar 100 euros (50 a cada um) se no domingo votassem na NAU. Mas com uma contrapartida: tinham de fotografar o voto com o telemóvel e enviar a fotografia para o movimento.
Ao que foi possível apurar, o casal tinha já decidido votar no candidato do PS, Vítor Costa, mas perante a abordagem de Filipe Santos mudaram de opinião e garantiram que iriam colocar a cruz na NAU. Isto ocorreu há cerca de duas semanas na freguesia de Macieira da Maia e, apesar de tudo se passar com discrição – “falavam muito baixinho, como se a PIDE estivesse a ouvir” -, a abordagem não passou despercebida a pessoas do PS que se encontravam na altura na freguesia, numa acção de campanha.
Acontece que os pais de Filipe Santos têm um supermercado na freguesia - que o próprio confirmou ao PÚBLICO -, que permite que as pessoas paguem as suas contas no final de cada do mês. Ora, se no domingo não votarem na NAU deixam de poder beneficiar desta benesse.
Uma fonte que presenciou o caso garantiu ao PÚBLICO que viu “Filipe Santos a coagir pessoas para votarem na NAU”. “Isso incomodou-me muito”, disse, recusando-se a acrescentar mais alguma coisa.
Contactado pelo PÚBLICO, Filipe Santos não quis fazer declarações, refutando as acusações. Porém, minutos depois é o próprio que telefona para o PÚBLICO, negando que tivesse oferecido dinheiro ao casal para votar na NAU. “É completamente falso”, afirmou, garantindo, contudo, que os seus progenitores são proprietários de um supermercado na freguesia.
Questionada pelo PÚBLICO, a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, foi breve a responder, pedindo “para não desenvolver mais a questão”.
“Na nossa candidatura não prometemos nada a ninguém. Andam por aí partidos a prometer isto e aquilo, subsídios de creches de 250 euros (…), mas nós não prometemos nada a ninguém e daria por concluída a nossa conversa”, declarou, aproveitando para dar uma nota positiva da campanha para autárquicas de domingo: “Estou muito confiante. O meu projecto de vida pessoal e profissional testemunha aquilo que eu sou”, afirmou, recusando a falar mais do assunto.
Apanhado de surpresa, o candidato do PS à Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, acedeu fazer uma pequena declaração ao PÚBLICO: “Ouvi esses relatos, mas custa-me a acreditar. Estou chocado que em pleno século XXI estas coisas aconteçam. A serem verdade, estas práticas são algo de absolutamente chocante”.