Vulcão nas Canárias: um cenário de destruição sem vítimas. Há oito portugueses na ilha

Foram retiradas mais de 5000 pessoas. Há oito portugueses nos três municípios afectados pela erupção vulcânica.

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Dezenas de casas foram destruídas pela lava do vulcão que continua a correr em direcção ao mar na ilha de La Palma das Canárias, em Espanha, mas não há vítimas depois de as autoridades terem retirado mais de 5000 pessoas. A imprensa local avança que cerca de cem casas foram afectadas pela erupção na região da Cumbre Vieja e que a ilha passou a alerta vermelho.

Segundo informou nesta segunda-feira Berta Nunes, secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, à TVI24, foram identificados pelas autoridades espanholas oito portugueses nos três municípios afectados pela erupção vulcânica. Nenhum português sofreu ferimentos, e o cônsul português honorário em La Palma está em permanente contacto com as autoridades locais. “Sabemos que, se houver algum português com problemas, seremos imediatamente alertados”, garantiu.

O vulcanólogo Vicente Soler, tendo como fundamento as erupções anteriores, afirma que a previsão é que a lava chegue ao mar “hoje à noite”, como em 1706, demorando um dia e meio. O presidente das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, confirmou em conferência de imprensa esta declaração e diz que “prevê-se que por volta das 20h a lava chegue ao litoral”, avança o El País.

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O fluxo de lava causado pela erupção do vulcão tem uma altura média de seis metros, já emitiu entre 6000 e 9000 toneladas de dióxido de enxofre por dia e está a avançar a 700 metros por hora — tendo como destino o mar. Até agora não causou vítimas, mas está a deixar uma situação “desoladora” na zona, porque a lava “está literalmente a devorar casas, infra-estruturas e culturas a caminho da costa do vale do Aridane”, descreveu o presidente da ilha, Mariano Hernández Zapata.

Desde a sua activação, o vulcão em erupção emitiu mais de 20.000 toneladas de dióxido de enxofre. Os especialistas citados pela comunicação social espanhola estimam que a erupção vulcânica possa durar semanas ou mesmo meses. Os rios de lava vão enterrar as comunicações terrestres, eléctricas e telefónicas e criar chuvas ácidas quando, nas próximas horas, chegarem ao mar, explicou um especialista à agência Efe.

Em visita ao centro de acolhimento dos afectados pela erupção, esta manhã, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, garantiu que continuarão a “trabalhar para proteger os cidadãos e reparar os danos causados”.

Segundo avançou a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, numa entrevista ao canal de televisão Antena 3, a Unidade de Emergência Militar (UME) tem 67 efectivos e 30 veículos destacados em La Palma, um contingente que irá aumentar ao longo da manhã desta segunda-feira para 180 pessoas e 57 veículos, esperando-se ainda que três hidroaviões cheguem no início da tarde.

A companhia aérea Binter informou, entretanto, que foram recuperados os quatro voos de, ou para, La Gomera (uma outra ilha do arquipélago, perto de La Palma) que tinham sido cancelados preventivamente na manhã desta segunda-feira.

De acordo com o jornal El País, a noite caiu no domingo nos municípios de El Paso e Los Llanos com um cenário de centenas de despejos, estradas bloqueadas e preocupação entre vizinhos. Centenas de moradores de cidades como a área turística de Puerto Naos ou La Bombilla dormiram esta noite em dois campos de futebol municipais, nas encostas do vulcão, cujo escoamento ameaça dezenas de casas próximas.

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, entrou em erupção no domingo na zona de Las Manchas, pelas 15h, depois de mais de uma semana em que foram registados milhares de sismos na região. Mais de 120 militares da Protecção Civil procederam à retirada de mais de 5000 pessoas das áreas de Alcalá e El Paraíso, assim como os bairros de El Paso, Los Llanos de Aridane e Tazacorte, por precaução.

Segundo o El País, um pequeno terramoto precedeu uma grande explosão, que foi seguida por uma enorme coluna de fumo e a expulsão de piroclastos. O magma causou originalmente duas fissuras, duas bocas eruptivas na montanha por onde fluía a lava. De acordo com o Instituto Vulcanológico das Canárias, em poucas horas, essas duas fissuras transformaram-se em sete.

O Cumbre Vieja de La Palma é um dos complexos vulcânicos mais activos das ilhas Canárias, sendo o responsável por duas das três últimas erupções nas ilhas, o vulcão San Juan (1949) e o Teneguía (1971). Desde o início da semana que a ilha se encontrava em alerta amarelo devido ao risco de erupção vulcânica na zona (nível 2 de 4), denunciado por milhares de pequenos sismos na periferia, com epicentros a mais de 20 quilómetros de profundidade que, progressivamente, foram ascendendo à superfície.