Filmes Listen e Mosquito foram os mais distinguidos nos prémios Sophia
O cinema português premiou os seus numa gala ainda condicionada pela pandemia. Entre os que subiram ao palco foram vários os que pediram ao público que regresse às salas e que regresse para ver filmes portugueses.
Os filmes Listen, de Ana Rocha de Sousa, e Mosquito, de João Nuno Pinto, foram os mais premiados, no domingo, nos prémios de cinema Sophia, numa cerimónia em que se apelou aos espectadores para que vejam cinema português.
Na décima edição dos prémios atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema, Listen de Ana Rocha de Sousa conquistou cinco Sophia, nomeadamente o de Melhor Filme, de Melhor Realização e de Melhor Actriz, para Lúcia Moniz.
“Agradeço a todas as pessoas que me têm amado, acompanhado e protegido. Agradeço a todos o que não o fizeram, que me criticaram e me ajudaram a ser melhor. Aprendi que não precisamos de conquistar todos. Precisamos é de descobrir aquilo que queremos fazer”, disse a realizadora no discurso de agradecimento.
Listen, primeira longa-metragem de ficção de Ana Rocha de Sousa, é um drama sobre uma família portuguesa emigrada em Londres que luta por recuperar a tutela dos filhos, injustamente retirada por alegados maus-tratos.
O filme venceu vários prémios no Festival de Veneza de 2020, entre os quais o Leão do Futuro.
Rodrigo Areias, produtor sedeado em Guimarães e co-produtor de Listen, agradeceu o prémio de Melhor Filme à organização: “Agradeço à academia que, ao contrário do colectivo de juízes do Tribunal Constitucional, não acha desprestigiante que ele [o prémio] siga para norte.”
Mosquito, filme de João Nuno Pinto que partia para esta edição com 13 nomeações, arrecadou seis galardões, entre os quais o de Melhor Actor, para João Nunes Monteiro, e o de Melhor Actor Secundário, atribuído a título póstumo a Filipe Duarte.
O filme Ordem Moral, de Mário Barroso, que somava dez nomeações, recebeu dois prémios: o de Melhor Banda Sonora Original, composta por Mário Laginha, e o de Melhor Maquilhagem e Cabelos, para Ana Lorena e Natália Bogalho.
Destaque ainda para Alexandra Ramires, que venceu o Sophia de melhor animação com Elo, e para o realizador Bernardo Lopes, que venceu o Sophia de Melhor Curta de Ficção com Moço e um dos prémios revelação Nico.
Amor Fati, de Cláudia Varejão, foi considerado o melhor documentário em longa-metragem e Terranova, de Joaquim Leitão, a melhor série televisiva.
Este ano, pela primeira vez, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu o prémio de Melhor Filme Europeu, numa votação entre vários críticos e especialistas, tendo vencido J'Accuse - O oficial e o espião, de Roman Polanski.
Este prémio foi recebido por Pedro Borges, que distribuiu o filme em Portugal, recordando que a obra de Polanski esteve poucas semanas em sala, por causa da pandemia da covid-19.
“Vivemos num país em que praticamente não há cinemas independentes e era bom começarmos a pensar nesse problema, entre aqueles que fazem o cinema, porque a nível oficial isso parece não ser considerado”, disse Pedro Borges.
A actriz e encenadora Maria do Céu Guerra e o actor Sinde Filipe foram galardoados com o prémio Sophia de carreira.
Ao longo da cerimónia dos Sophia foram feitos vários apelos, nomeadamente pelo presidente da academia, Paulo Trancoso, e por Maria do Céu Guerra, para que os portugueses retomem o hábito de ir ao cinema e que vejam, em particular, cinema português.
Quando recebeu o prémio de Melhor Actor pela prestação em Mosquito, João Nunes Monteiro aproveitou para deixar um agradecimento sentido a estruturas que surgiram durante a pandemia, nomeadamente a União Audiovisual e a Acção Cooperativista, “que defendem e lutam para a dignificação” do sector cultural, “que é precário e negligenciado”.
Na plateia, condicionada por causa da pandemia, estiveram sobretudo nomeados e algumas personalidades relacionadas com o sector, entre elas representantes direcção da Cinemateca Portuguesa, do Instituto do Cinema e Audiovisual e o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.