“Comunhão de adquiridos”, “prisão preventiva”, “prescrição” ou “segredo de justiça” são alguns dos termos jurídicos que frequentemente se ouvem, mas que nem sempre se percebem. Luísa Teixeira da Mota e Inês Rogeiro são advogadas e acabam de lançar um canal no YouTube chamado Pão de Law para explicar e desmistificar estes e outros conceitos legais.
A receita é simples. O Pão de Law das jovens advogadas lisboetas tem oito fatias. Cada fatia corresponde a um episódio. E cada episódio trata um tema, das mais variadas áreas do Direito. É servida uma fatia por semana, à hora do lanche. O objectivo é “tornar os conceitos jurídicos o mais compreensíveis possível”, afirma ao P3 Luísa Teixeira da Mota, uma das advogadas de defesa do hacker Rui Pinto.
Mais habituadas aos corredores dos tribunais, é na intimidade de uma cozinha, num registo leve e informal, que as duas amigas descomplicam “o palavreado chato” do Direito, em poucos minutos — “para as pessoas terem paciência”, diz Luísa. Através de um caso prático do dia-a-dia, com uma linguagem simples e acessível, as advogadas querem aproximar-se dos seguidores.
No primeiro episódio, por exemplo, apresenta-se a situação hipotética de Jorge e Emília — vão casar, mas não sabem que regime de casamento escolher. O Pão de Law simplifica o que está em causa para que casais a passar pelo mesmo possam escolher a opção que mais lhes convém. Já no segundo vídeo explica-se a diferença entre crimes públicos, semi-públicos e particulares, indicando exemplos para cada um deles e a respectiva tramitação.
“O canal não tem a pretensão de dar conselhos”, adverte Luísa. E muito menos pretende dirigir-se a profissionais ou dispensar a consulta de um advogado. As duas colegas esperam, apenas, de uma forma engraçada, “prestar um serviço tentando explicar os conceitos” que todos os dias se ouvem e nem sempre se alcançam. No fundo, querem “ser úteis”.
No final de todos os episódios há ainda um segmento chamado Quebra-mito, em que “se procura desfazer convicções erradas”. Se no primeiro vídeo ficámos a saber que é muito difícil deserdar um filho, no segundo aprendeu-se que, afinal, o martelo — que víamos, por exemplo, no célebre programa de televisão dos anos 90, O Juiz Decide — não tem lugar numa sala de audiências. “O juiz só veste uma beca, uma espécie de capa de Batman”, atira Inês no segundo vídeo, partilhado no dia 13 de Setembro.
Até agora, somam mais de 300 subscritores e o primeiro episódio contabiliza mais de duas mil visualizações. Ainda não conseguem perceber quem serão esses seguidores, mas Luísa menciona que “a intenção é que o público seja o mais abrangente e transversal possível”. O canal destina-se “para as pessoas comuns, para aquelas que não sabem, nem têm a obrigação de saber” estes conceitos, afirma a advogada, agora youtuber.
As fornadas saem à segunda-feira, às 18h, directamente da cozinha da Luísa e da Inês. O sabor, ou tema, é surpresa. Mas é provável que se quebre mais um mito.
Texto editado por Amanda Ribeiro