UGT quer salário mínimo de 715 euros em 2022

A central sindical defende que, com tantos apoios a chegar às empresas e à economia, com o Plano de Recuperação e Resiliência, “os salários têm de aumentar” e quer subidas mínimas de 50 euros para a generalidade dos trabalhadores.

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Carlos Silva, secretário-geral da UGT LUSA/RODRIGO ANTUNES

A UGT defende uma subida do salário mínimo nacional de 665 para 715 euros no próximo ano e aumentos mínimos de 50 euros para os restantes salários do sector privado e da administração pública.

As propostas foram aprovadas por unanimidade, nesta quinta-feira, pelo secretariado nacional da UGT e fazem parte do caderno reivindicativo para o próximo ano que defende que os aumentos salariais a negociar na contratação colectiva devem situar-se entre os 2% e os 4%, tendo como patamar mínimo os 50 euros por trabalhador.

“Portugal vai beneficiar de um fluxo de verbas nunca antes visto e é tempo de os trabalhadores terem um bocadinho do bolo”, justificou Carlos Silva, secretário-geral da UGT durante a apresentação do documento, referindo-se à canalização de verbas europeias para Portugal através do Plano de Recuperação e Resiliência.

 “A nossa proposta [de 715 euros] em função do que se perdeu no último ano e meio é plausível”, destacou o líder da UGT, acrescentando que vão ainda desafiar os partidos políticos a assumirem o compromisso de, em 2027, o salário mínimo subir para 950 euros, com o objectivo de chegar aos mil euros em Janeiro de 2028.

 “As empresas aguentam? Aguentam, claro que sim, têm que aguentar porque estamos num período de crescimento económico e a injectar dinheiro na economia”, frisou.

Carlos Silva anunciou ainda que amanhã, na reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, irão apresentar um conjunto de propostas no quadro da agenda do trabalho digno que obriguem as empresas que têm despedimentos colectivos em curso – como disse estar a acontecer no sector da banca, do têxtil ou na Navigator – a devolver os apoios que receberam ao layoff simplificado.

Numa nota enviada às redacções, a Navigator assegura que “é completamente falso que esteja a decorrer, ou sequer que esteja a ser ponderado, um despedimento coletivo na Empresa, nem discernimos como é que é possível que esta informação tenha surgido”. “A Navigator está a trabalhar à capacidade máxima em todas as suas unidades fabris, registando a carteira de encomendas mais elevada da sua história”, acrescenta a empresa. A central sindical admitiu tratar-se se um lapso.

“É criminoso que, no momento em que há recuperação económica, sejam atirados trabalhadores para a rua. Amanhã vamos apresentar penalizações às empresas, alteração das regras de despedimento para os níveis pré-troika, assim como o valor do trabalho suplementar e os 25 dias de férias”, frisou o dirigente.

Já a CGTP, que aprovou o seu caderno reivindicativo no início de Setembro, propõe que o salário mínimo suba para os 850 euros e reivindica aumentos salariais de 90 euros para todos os trabalhadores no próximo ano.

Notícia alterada com declarações da Navigator que desmente ter em curso um despedimento colectivo e com a informação de que a UGT afirmou tratar-se de um lapso.

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