Nova técnica detecta com precisão anticorpos contra o SARS-CoV-2 em cinco minutos

Equipa de cientistas de Hong Kong prevê que esta técnica possa estar disponível para o público em geral daqui a três anos.

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A roxo, partículas do vírus SARS-CoV-2 NIAID

Uma equipa de cientistas de Hong Kong juntou as grandes vantagens de dois testes de detecção de anticorpos e criou uma nova técnica. Esta técnica permite a detecção de anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2 de forma precisa e através do uso de um telemóvel em apenas cinco minutos. O método é apresentado esta quarta-feira na revista científica Science Advances

A detecção de anticorpos contra agentes infecciosos é crucial na investigação de infecções passadas, de estudos epidemiológicos e da avaliação às vacinas – tudo isto tem sido fundamental durante a pandemia de covid-19. Mesmo assim, pode ser um desafio desenvolver métodos de detecção de anticorpos que sejam ao mesmo tempo rápidos, práticos e precisos. Foram essas as qualidades que a equipa de Hong Kong quis juntar numa só técnica. 

Para isso, a equipa coordenada por Feng Yan (da Universidade Politécnica de Hong Kong) teve em conta as qualidades de dois testes: o ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática), que permite a detecção de proteínas, como é o caso dos anticorpos, de forma precisa, mas que que tem um processo mais complexo; e o LFIAs (ensaio de imunidade de fluxo lateral), que é mais fácil de usar e é portátil, mas menos sensível.

Para juntar as qualidades destes dois testes e se conseguir detectar anticorpos, a equipa devolveu biossensores baseado num transístor orgânico electroquímico, que convertem sinais biológicos em sinais eléctricos. E, se a pessoa os tiver, como detecta a presença de anticorpos? Uma gota de sangue ou saliva é colocada num dos transístores, que é feito de ouro e incorporado numa pequena tira de plástico. À medida que os anticorpos se ligam a ele, o transístor produz sinais eléctricos que são lidos pelo medidor e enviados para o telemóvel através de Bluetooth. 

A técnica permite a detecção de anticorpos IgG, que aparecem normalmente na segunda semana após a infecção e mantêm-se durante mais tempo, que poderá ser de meses ou anos, dependendo do tipo de vírus que provoca a infecção.

Na prática, Feng Yan simplifica ao PÚBLICO o que acontece nesta técnica: “Depois de deitar a saliva ou soro no sensor, acontecem vários passos e, no final, a interpretação será obtida no telemóvel”. O investigador diz que cinco minutos são suficientes para a detecção de anticorpos através desta técnica. À revista New Scientist, referiu que podem ser detectados vários níveis de anticorpos, incluindo níveis muito baixos.

Esta técnica – designada “Sensor de anticorpos da covid-19 baseado num transístor orgânico electroquímico” – foi desenvolvido no laboratório de Feng Yan e o cientista acredita que será “potencialmente útil para o público em geral”. “O custo é baixo, não é invasiva se for testada a saliva, é portátil e é altamente sensível”, enumera.

Mas quando poderá mesmo estar disponível para o público em geral? “Se o estudo conseguir ser apoiado para comercialização, poderá levar três anos até estar disponível”, prevê o investigador. Feng Yan disse ainda à revista New Scientist que está a planear um ensaio clínico (em pessoas) para confirmar que o teste funciona no mundo real. Se tudo correr bem e o teste chegar um dia a ser comercializado, prevê-se que possa custar menos de um euro por teste.

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