Covid-19: “Nós já ganhámos a este vírus”, declara Gouveia e Melo

Com uma incidência cadente, apesar do actual estado de desconfinamento, o vice-almirante responsável pela task force admite que a batalha contra o novo coronavírus já está ganha e é altura de recuperar liberdades — mas sem descuidos.

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Henrique Gouveia e Melo diz que a batalha está ganha, porque a incidência está a cair apesar do estado de desconfinamento Nicolau Botequilha

O responsável pela task force que coordena o programa de vacinas contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, assumiu nesta quarta-feira que Portugal “já ganhou a este vírus”.

“Nós já ganhámos a este vírus, pelo menos, a primeira batalha está ganha e isso é um grande alívio para todos nós”, assumiu o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo em Viseu, na cerimónia de abertura da Escola Secundária Alves Martins, onde estudou com 15 anos.

À margem da cerimónia, justificou aos jornalistas que a batalha está ganha, “porque a incidência está a cair apesar do estado de desconfinamento” em que o país se encontra, já depois do período de férias e da presença de estrangeiros.

“O processo de vacinação venceu o vírus e agora temos de começar a aprender a reganhar a nossa liberdade e a nossa vida. É isso que temos de fazer, claro que com alguns cuidados. Temos de ser inteligentes, também não podemos ser descuidados”, alertou.

Com a taxa de vacinação a atingir “quase os 86% das primeiras doses”, sendo que “normalmente um mês depois atinge-se o mesmo em termos de segunda dose ou vacinação completa”, o vice-almirante disse estar satisfeito com o resultado.

“O processo de vacinação ajudou-nos imenso nisto e nós estamos verdadeiramente satisfeitos. Enquanto comunidade, devemos estar verdadeiramente satisfeitos connosco próprios, porque foi uma pequena taxa de pessoas negacionistas que fez com que chegássemos a este processo, com esta taxa imensa de vacinação completa”, destacou.

O vice-almirante Gouveia e Melo desvalorizou ainda o facto de Portugal ser o primeiro país do mundo em termos de taxa de cobertura de vacinação, dizendo que isso não o preocupa, a sua preocupação “é se essa taxa é suficiente para haver protecção de grupo e eventualmente a imunidade de grupo”.

“Estou confiante que sim, mas só o futuro o dirá. Se atingirmos essa imunidade de grupo ou, pelo menos, a protecção de grupo, são excelentes notícias para o nosso país e para a nossa vida, daqui para diante”, defendeu.

O responsável disse ainda, perante dezenas de professores presentes no ginásio, que foram “superados em mais de 85% a vacinação dos jovens dos 12 aos 19 anos”.

“Podem pensar que é pouco”, mas o vice-almirante explicou que “é muito, porque há 5% ou 6% que ainda são recuperados, que não podem ser vacinados, portanto, são mais de 90%” de pessoas vacinadas.

A democracia é o melhor remédio contra os negacionistas

Perante questões levantadas por professores, Gouveia e Melo defendeu que “a melhor postura perante os negacionistas, que vivem numa bolha em que se auto-alimentam, é a democracia” e, neste sentido, mostrou-se “muito satisfeito” por o Estado de direito funcionar, ao chamar as pessoas, que o insultaram e ameaçaram, à justiça.

“A democracia é isto. É exigir a nós próprios exercer a democracia todos os dias e exercer a democracia é não permitir que alguém nos grite aos ouvidos e nos empurre para as ideias deles. As pessoas podem ter as suas ideias, é perfeitamente legítimo, não têm é de me vender essas ideias de forma agressiva, como eu também não vendo as minhas ideias de forma agressiva. Isso é democracia”, definiu.

Aos professores, o vice-almirante terminou as suas palavras sobre a vacinação e o processo em que esteve envolvido: “Estejam confiantes de que 2022 vai ser um ano completamente diferente de 2021 e também diferente do fim de 2020 e até meados de 2020, porque nós vencemos o vírus. Não sou político (...) sou genuíno no que estou a dizer e fizemos o máximo para acabar o processo o mais rapidamente, só que o processo foi condicionado pela disponibilidade de vacinas”, concluiu.