Primeiros dias do novo Governo afegão marcados por confrontos entre facções rivais dos taliban

Fontes do grupo que tomou o poder no Afeganistão disseram à BBC que as divergências na distribuição de pastas ministeriais e nos louros da vitória sobre os EUA levaram a confrontos no palácio presidencial.

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Membros do grupo taliban numa cerimónia oficial do Governo interino em Cabul EPA/STRINGER

Poucos dias depois de os taliban terem anunciado a composição do novo Governo interino do Afeganistão, facções rivais do grupo fundamentalista islâmico envolveram-se em confrontos físicos no palácio presidencial de Cabul, revelaram fontes dos taliban à BBC.

Segundo os relatos feitos à estação televisiva britânica, a disputa esteve relacionada com divergências sobre a representatividade das facções em causa no executivo e sobre os méritos da estratégia que permitiu a rápida conquista militar do país na sequência da retirada dos soldados norte-americanos e da NATO.

O caso surge numa altura em que o mullah Abdul Ghani Baradar – fundador dos taliban, responsável pelo seu gabinete político e nomeado vice-primeiro-ministro do Governo – não é visto em público há vários dias e há relatos contraditórios sobre o seu paradeiro ou estado de saúde. 

Os seus representantes garantem, no entanto, que Baradar se encontra fora de Cabul e que “está bem”.

Segundo as fontes que falaram com a BBC, os confrontos no palácio foram antecedidos por uma troca de palavras acesas entre Baradar e o ministro dos Refugiados, Khalil ur-Rahman Haqqani – membro da rede Haqqani, um dos braços mais violentos e radicais do fundamentalismo islâmico da região, considerada uma “organização terrorista” pelos Estados Unidos.

Baradar queria que a distribuição de pastas do Governo tivesse sido mais benéfica para os seus aliados e defendeu que os louros da vitória militar no Afeganistão e da gestão da retirada norte-americana deviam ser atribuídos de forma mais firme a figuras como ele próprio.

Foi Baradar quem assinou, em nome dos taliban, o acordo com os Estados Unidos sobre os termos da sua retirada, tendo inclusivamente falado ao telefone com o ex-Presidente Donald Trump. A rede Haqqani entende, no entanto, que a conquista do território afegão se deveu, sobretudo, à acção militar dos seus membros, e não tanto a questões de ordem diplomática.

A discussão entre os dois ministros acabou por levar elementos das duas facções a envolverem-se em confrontos físicos.

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