Opositora bielorrussa Maria Kolesnikova é condenada a 11 anos de prisão
Uma “longa fila de apoiantes” reuniu-se junto ao tribunal em solidariedade para com os activistas, apesar do perigo associado aos protesto contra o regime.
Uma das principais opositoras do regime bielorrusso, Maria Kolesnikova, foi condenada a 11 anos de prisão nesta segunda-feira por conspirar contra o poder, através da criação de uma “organização extremista” e do incitamento de acções contra a segurança do Estado. O advogado Maxim Znak, julgado no mesmo processo, foi condenado a dez anos de prisão pelos mesmos crimes.
A opositora, de 39 anos, tornou-se num dos rostos dos protestos que ajudou a organizar contra o resultado eleitoral de Agosto de 2020, considerado fraudulento pela oposição e pela comunidade internacional, quando Alexander Lukashenko confirmou mais um mandato no poder. Foi detida depois de rasgar o seu passaporte para evitar que as forças bielorrussas a expulsassem do país junto à fronteira ucraniana em Setembro do ano passado, e estava presa desde então.
Tanto o activista Maxim Znak como Kolesnikova participaram na campanha do candidato às presidenciais Viktor Babariko, um banqueiro que foi preso e impedido de concorrer contra Lukashenko, por ter conseguido um apoio significativo à sua candidatura. Foi condenado a 14 anos de prisão em Julho por corrupção e branqueamento de capitais.
Ambos eram membros do Conselho de Coordenação, criado depois das eleições presidenciais de Agosto de 2020, que defende uma transição pacífica de poder e que foi perseguido desde a sua criação.
Os réus negaram as acusações e consideraram o julgamento uma farsa – que decorreu à porta fechada e os detalhes do caso não foram revelados. Ainda assim, imagens da agência Sputnik mostravam os arguidos numa jaula de vidro, enquanto esperavam pelo veredicto. Kolesnikova levantava as mãos algemadas para fazer o seu gesto característico, um coração – que costumava fazer durante os protestos – e sorria para as câmaras.
Em contraste com o início do julgamento, e apesar de os protestos que levaram milhares de pessoas às ruas se terem entretanto desvanecido e do perigo que actividades do género acarretam devido à repressão das autoridades, juntou-se ao pé do tribunal “uma longa fila de apoiantes” em solidariedade para com os activistas, referiu a BBC.
A União Europeia denunciou o veredicto, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico acusou a sentença de ser um ataque contra os defensores da democracia. “A UE lamenta o desrespeito flagrante permanente do regime de Minsk pelos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas da Bielorrússia”, disse o porta-voz da UE num comunicado.
A líder da oposição exilada, Svetlana Tikhanouskaia, afirmou que a sentença mostra o terror por que passam os bielorrussos “que se atrevem a enfrentar o regime”, escrevendo ainda, no Twitter, que a “Maria e o Maxim são heróis para os bielorrussos. O regime quer vê-los esmagados e exaustos. Mas olhem: estão a sorrir e a dançar”.
A repressão do regime de Lukashenko tem vindo a intensificar-se com a detenção de importantes figuras da oposição, entre políticos, advogados, jornalistas e outros membros da sociedade civil. Dezenas de organizações não-governamentais, incluindo as que oferecem cuidados de saúde, também foram fechadas à medida que Lukashenko leva a cabo aquilo a que chama de “purga” contra as organizações desleais.