Líder da resistência no Vale de Panshir diz que está pronto para negociar com os taliban
Massoud está no último reduto do Afeganistão que ainda não foi tomado pelos taliban.
O líder do grupo de oposição aos taliban que resiste no Vale de Panshir, o único local do Afeganistão que escapou ao avanço do grupo extremista, disse que aceitou propostas de líderes religiosos para negociar o fim dos confrontos dos últimos dias.
Desde sexta-feira que os taliban vêm dizendo que tomaram o Vale de Panshir, e que a oposição diz que não.
Ahmad Massoud, filho do venerado comandante Ahmed Shah Massoud, morto dois dias antes do 11 de Setembro de 2001 num atentado suicida, fez o anúncio na sua página de Facebook. Massoud chefia uma força de antigos soldados afegãos e milícias locais, e é também no Vale de Pashir que está o ex-vice-presidente Amrullah Saleh, que tem garantido que não se renderá aos taliban.
Saleh tem criticado os que fugiram e prometeu liderar a resistência contra os taliban “por todos os afegãos”, criticando os governantes que fugiram do país, como foi o caso do presidente Ashraf Ghani. E garantiu também que nunca viria a estar “sob o mesmo tecto que os taliban”.
Saleh acusado nos últimos dias os taliban de impedirem todo o acesso ao local, cortando o abastecimento de alimentos e medicamentos, e ainda deixando inutilizadas linhas telefónicas e de electricidade.
“A frente de resistência do Afeganistão está disposta a resolver os problemas actuais e pôr fim de imediato aos combates e continuar negociações”, declarou entretanto Massoud.
Antes, tinha sido reportado por meios de comunicação social afegãos que o conselho dos Ulemas (autoridades em assuntos religiosos) tinha pedido aos taliban para aceitarem um acordo negociado para acabar com a violência no Vale de Panshir.
O Vale de Panshir é a região que resistiu tanto à invasão soviética em 1979 – ainda se vêem restos de carros de combate soviéticos – como ao regime dos taliban (1996 e 2001). Antes, os taliban não controlavam as rotas a Norte do local, como acontece agora, tornando a situação actual muito diferente para os insurrectos.