Qual a actividade sexual mais frequente na Net? Assistir a pornografia
Dia Nacional da Saúde Sexual assinala-se pela primeira vez este sábado. Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica quis assinalá-lo com estudo Saúde Sexual e Meios Digitais.
Não surpreenderá muita gente o resultado do estudo Saúde Sexual no Mundo Digital com que a Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica quis assinalar o primeiro Dia Nacional da Saúde Sexual. A actividade sexual mais praticada através de meios digitais é assistir a pornografia (26%).
O Dia Nacional da Saúde Sexual, aprovada pela Assembleia da República a 6 de Junho, coincide com o homónimo dia mundial, que já vem de 2010. Foi criado para consciencializar a população da relevância desta dimensão da saúde e do bem-estar e promover a ideia de que os direitos sexuais são direitos humanos.
Embora o dia mundial se celebre em dezenas de países, Portugal foi o primeiro a reconhecer o dia nacional. A Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica quis celebrá-lo divulgando os resultados ainda preliminares do estudo Saúde Sexual e Meios Digitais, que está a realizar com o Mestrado em Sexologia da Universidade Lusófona.
Não se pode dizer que já tenha por base uma amostra representativa. Afinal, o estudo ainda está em curso. De 19 de Agosto a 1 de Setembro, participaram 411 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos: 41,3% homens, 55% mulheres, 1,7% pessoas não-binárias, 0,5% sem género, 0,5% que dizem não saber responder, 0,2% que preferem não responder, 0,7% que se identificam com “outra” opção.
Além de usarem os meios digitais para assistir a vídeos pornográficos (26%), os participantes também o fazem para aceder a fotografias, literatura e outros conteúdos eróticos (20,4%). Uma percentagem significativa fá-lo para comprar ou explorar utensílios e/ou brinquedos sexuais em sexshops online (13,9%).
A sexualidade, claro, não se esgota no acto sexual. O digital também pode ser uma fonte de conhecimento — uma parte da amostra declara ver/ouvir programas de rádio, podcasts, televisão, videocasts ou outros sobre sexualidade (17,8%). E um meio de conhecer outras pessoas — boa parte já se envolveu em novos relacionamentos através da Internet (15,1%).
O estudo não se limita a tentar identificar os temas relacionados com a sexualidade mais pesquisados e as actividades que se prendem com saúde sexual e sexualidade mais realizadas pela Net. Procura explorar a percepção dos participantes sobre o impacte dos meios digitais.
Os participantes mencionam a “importância dos meios digitais na democratização do acesso a conteúdos sexuais (por exemplo material erótico)”, facilitando informação e cuidados de saúde online a grupos que, de outra forma, teriam dificuldade de os alcançar. Também referem “o seu papel nos processos sociais em contexto virtual: permitem não só diminuir o isolamento social, conhecer pessoas com propósitos eróticos, mas também promover a interacção social e o sentimento de pertença/comunidade de quem se sente discriminado sexualmente, facilitando o activismo em diferentes áreas da sexualidade”.
Os inquiridos fizeram ainda referência, pela positiva, à relevância dos meios digitais nas atitudes e comportamentos sexuais que permitem o autoconhecimento e a abertura a novas práticas sexuais. E, pela negativa, à “difusão do discurso de ódio, cyberbullying sexual e agressão motivados pela orientação e identidade ou comportamentos sexuais através do anonimato que as redes permitem”.