Debate no Porto: candidatos defendem mais habitação acessível e criticam gestão de Moreira

A habitação foi tema central no debate que reuniu os sete principais candidatos à Câmara Municipal do Porto, esta sexta-feira.

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O debate decorreu em frente à Câmara Municipal do Porto e foi moderado pela jornalista Clara de Sousa, SIC LUSA/ESTELA SILVA
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Seis dos 11 candidatos à Câmara do Porto criticaram na sexta-feira as políticas de habitação do candidato independente Rui Moreira, que concorre a um terceiro mandato, acusando o autarca de inacção, e defendendo mais investimento nesta matéria.

A habitação foi um dos temas em destaque no debate que juntou sete dos 11 candidatos à presidência da Câmara do Porto nas eleições autárquicas de 26 de Setembro, e onde actual presidente da autarquia e candidato independente, Rui Moreira, disse estar ainda à espera das verbas que prometidas pelo Governo para resolver os problemas de habitação de 1700 famílias.

“Em Novembro, a Câmara Municipal do Porto, assinou com o Governo, um acordo de 56 milhões para resolver problema de 1700 famílias, e dessas 1700 famílias já resolvemos o problema de 260 e até agora, não estou a desconfiar, a verdade é que ainda não recebemos um tostão”, disse.

O independente salientou que o Porto é “de longe” o município que tem mais habitação social — cerca de 13% — o que confronta com uma média nacional de 2% e objectivo definido pelo primeiro-ministro, António Costa, de 5%. Rui Moreira admite, contudo, que apesar destes números há carência de habitação, assumindo que seriam necessárias pelo menos mais 3000 casas.

Em resposta, o socialista Tiago Barbosa Ribeiro acusou o candidato independente de atacar o Governo para se “desculpabilizar” da sua própria inacção. Salientando que a habitação para a classe média, é a sua prioridade “número 1, número 2, número 3”, o socialista culpou os preços de renda praticados no Porto, defendendo a necessidade de mobilizar fundos nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para implementar um plano “efectivo”. A par deste investimento, é preciso continuar a investir na habitação social, defendeu.

Tiago Barbosa Ribeiro criticou ainda a inacção da autarquia liderada por Moreira quanto ao alojamento local, critica esta que foi repetida pela candidata da CDU, Ilda Figueiredo, que defendeu, a necessidade de avançar com a construção ou reabilitação imediata de 3000 habitações, e de preparar mais três mil para o futuro. A candidata considera ainda que ser necessária uma política de recuperação dos bairros municipais e de investimento em equipamento, como as creches, para criar condições de fixação para as famílias.

Sublinhando que Moreira tentou iludir os portuenses quando analisou os dados dos Censos 2021 que mostram que o Porto perdeu mais de 5.000, Vladimiro Feliz comprometeu-se, a criar serviços de qualidade para famílias, tendo prometido se fosse eleito, com a criação de uma creche em cada freguesia da cidade.

Sérgio Aires, candidato pelo Bloco de Esquerda que se propõe como objectivo, até 2025, a disponibilização de 5.000 habitações sociais, criticou o modelo de “cidade de negócio” preconizado por Rui Moreira e que tem conduzido a um “tsunami” especulativo que está já a atingir conselhos minhoto.

Corrigindo Moreira, Sérgio Aires referiu que o Porto tem cerca de 9% habitação social, o que corresponde a 13% da população da cidade, o que considera ser “pouco”. Com este modelo de “cidade de negócio”, não é possível aceder a uma habitação, acrescentou, defendendo que a habitação pública é um elemento fundamental na prevenção da pobreza.

A candidata do PAN, Bebiana Cunha, reclamou a criação de conselho municipal de habitação e a adequação das Estratégia Local de Habitação à realidade actual, sublinhando que nos últimos dez anos, o Porto perdeu 9% dos seus edifícios destinados a habitação para outros usos. Bebiana Cunha considera que isto decorre das políticas locais que nestes dois últimos mandatos, não consigo resolver algumas destas questões.

Pelo Chega, António Fonseca defendeu que perante a falta de casas municipais, a autarquia devia adquirir outras para colmatar a oferta de habitação. “Se não temos casas prontas, compramos (...). É um sinal que temos de dar”, declarou.

Em respostas às críticas, Rui Moreira referiu ter investimento, neste segundo mandato, 100 milhões de euros, quanto continua à “espera das promessas do Governo”. Defendeu ainda que o programa municipal de apoio à renda devia ser replicado pelo estado e lembrou que a autarquia está a avançar com três projectos de habitação acessível que, no total, representam, 950 fogos.

Em matéria de mobilidade, todos os candidatos convergiram na necessidade de investir no transporte público.

Concorrem à Câmara do Porto, Rui Moreira (movimento independente “Rui Moreira: Aqui há Porto"), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre).

A Câmara do Porto é liderada por Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.