Exposição
Patrícia é uma “contadora de histórias” inspirada por Braga e pelas pessoas “que marcam o tempo”
Até 30 de Setembro, Patrícia Ferreira integra a exposição colectiva Olhares Cruzados, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga. Mais uma vez, a artista apresenta algumas peças inspiradas pelo Minho, região que a viu nascer e crescer. Entre novos desenhos que retratam o quotidiano da cidade de Braga, Patrícia mostra também trabalhos que integraram a exposição (Des) Obedecer, comemorativa do 175.º aniversário da Revolta da Maria da Fonte, na Póvoa de Lanhoso.
Patrícia, de 43 anos, gosta de se definir como uma contadora de histórias. “Umas histórias conto com palavras. Outras, com riscos e manchas", releva a artista, que tanto pode usar o sketch, a pintura, o desenho ou a ilustração como suporte. Podemos descobrir o resultado no Instagram e no Facebook.
Enquanto membro da comunidade urban sketchers Portugal, Patrícia gosta de desenhar o que observa, in situ. Bracarense de gema, chega a considerar o centro da cidade de Braga “o seu quintal”. É por lá que desenha o quotidiano que presencia. O que mais a interpela são as pessoas. Os seus desenhos “têm de ter vida”, diz a artista. Daí a existência constante de pessoas ou árvores em todas as peças. Procura o movimento: aguarda a passagem das pessoas para as capturar porque, segundo confessa, são elas “que marcam o tempo”. Para criar os sketchs, usa “aquilo que tiver na bolsa”. “Podem ser marcadores de ponta fina, que tenho sempre comigo, aguarelas, marcadores de cor, lápis de cor”, enumera.
Mas nem só de sketchs vive a obra de Patrícia. Alguns desenhos, pinturas ou ilustrações são amadurecidos, finalizados ou, simplesmente, criados no atelier, com o vagar e a técnica que necessitam. Só há três anos teve coragem para abandonar a carreira na banca e abraçar a paixão pela arte. Pintura, desenho e ilustração - de livros, nomeadamente - fazem agora parte da vida de Patrícia, a tempo inteiro. No Atelier Jardim Santa Bárbara, em Braga, cria e dá liberdade para criar. Dá aulas de desenho e pintura, que lhe permitem transmitir a sua paixão pelas curvas e pelas cores.
Texto editado por Ana Maria Henriques