Supremo dos EUA recusa suspender lei no Texas que proíbe aborto após seis semanas

A medida, que entrou em vigor na quarta-feira, é a lei de aborto mais restritiva dos EUA e não prevê sequer excepções em casos de incesto ou violação.

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Na petição de emergência para bloquear a legislação, as clínicas de aborto advertiram que a lei "reduz imediata e catastroficamente o acesso ao aborto no Texas" TOM BRENNER/Reuters

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos deu uma grande vitória aos opositores ao aborto na quarta-feira à noite, recusando suspender uma lei do Texas que proíbe a interrupção da gravidez após seis semanas, mesmo em casos de violação ou incesto.

O Supremo Tribunal, fortemente dividido, com quatro dos seus nove juízes a oporem-se à decisão, não se pronunciou sobre a constitucionalidade da lei, que entrou em vigor 24 horas antes, mas citou “questões processuais complexas e inovadoras”.

O presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, juntou-se à minoria progressista, mas não foi suficiente, face à maioria conservadora.

A medida, que entrou em vigor na quarta-feira, veta praticamente o aborto no Texas, uma vez que não prevê sequer excepções em casos de incesto ou violação.

Nenhuma outra lei semelhante que proíba o aborto às seis semanas de gestação - quando um batimento cardíaco fetal pode ser detectado e muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas - está em vigor no resto do país. Apesar de vários estados terem aprovado leis semelhantes, foram sempre bloqueadas pelos tribunais.

Na petição de emergência para bloquear a legislação, as clínicas de aborto advertiram que a lei “reduz imediata e catastroficamente o acesso ao aborto no Texas, proibindo os cuidados de pelo menos 85% dos doentes” que requerem este tipo de intervenção no estado.

O aborto foi reconhecido como um direito constitucional nos Estados Unidos em 1973, graças à decisão do Supremo Tribunal no processo Roe versus Wade, que reconheceu que uma mulher pode interromper a gravidez nos primeiros seis meses de gestação.