Derramamento de petróleo ameaça a costa cipriota
Autoridades que administram a região norte construíram uma barreira no mar para impedir a contaminação do litoral e pedem apoio da República de Chipre.
Chipre prepara-se para o impacto na sua costa de uma maré negra de petróleo que se está a espalhar no Mediterrâneo Oriental e que ameaça o ecossistema local.
A origem do derramamento está numa fuga de uma central energética na Síria que, de acordo com o Governo local, poderá corresponder a uma quantidade que varia entre duas a quatro toneladas. As autoridades sírias dizem que o tanque – que tinha cerca de 15 mil toneladas de petróleo – de onde está a sair o petróleo está com uma fuga desde 23 de Agosto e até agora não foi possível reparar a avaria.
A mancha de petróleo deverá alcançar o litoral da ilha cipriota ainda esta quarta-feira, de acordo com as previsões das autoridades locais. As imagens obtidas por satélite mostram uma enorme mancha a deslocar-se nas águas do Mar Mediterrâneo com cerca de 800 quilómetros quadrados, equivalente à área da cidade de Nova Iorque, diz a CNN.
As autoridades cipriotas do Norte – que controlam a região norte da ilha, cuja soberania é reconhecida apenas pela Turquia – construíram uma barreira artificial de 400 metros à frente da península de Karpas para impedir que o petróleo chegue à costa, segundo o Guardian.
“É um desastre total para o ecossistema marinho”, disse o presidente da câmara de engenheiros de Chipre do Norte, Cemaliye Özverel Ekinci, em declarações à agência TAK, citado pelo Guardian. “Este problema não diz respeito apenas a Chipre do Norte”, afirmou o responsável, apelando à cooperação com as autoridades cipriotas.
A Turquia enviou uma equipa para avaliar a situação. “Estamos a adoptar as medidas necessárias mobilizando os nossos recursos para impedir qualquer hipótese de o derramamento se possa tornar num desastre ambiental”, afirmou o vice-presidente turco, Fuat Oktay, à agência Anadolu.
Desde os anos 1970 que a ilha está dividida, na sequência de uma invasão turca que ocupou a parte norte de Chipre, enquanto o sul se mantém sob a soberania da República do Chipre, internacionalmente reconhecido. Há mais de duas décadas que as duas entidades estão envolvidas num processo negocial para resolver o diferendo, mas os progressos têm sido reduzidos.
As autoridades do sul dizem não ter qualquer indicação de que a mancha de petróleo poderá atingir a costa sob sua alçada, mas mostraram-se disponíveis para apoiar os congéneres do norte. “Infelizmente ainda não recebemos qualquer informação ou resposta por parte das autoridades do regime ilegal”, afirmou o ministro do Ambiente, Costas Kadis, citado pela Agência de Notícias de Chipre (CNA).
O Governo cipriota pediu assistência técnica à Agência Europeia de Segurança Marítima, que disponibilizou uma embarcação de recolha de petróleo.