PCP quer OE2021 cumprido antes de começar a negociar o próximo
O líder comunista voltou a defender que, nesta fase, é preciso centrar atenções na execução das medidas previstas no Orçamento de Estado de 2021.
O líder do PCP insistiu esta terça-feira em Peniche no cumprimento do Orçamento de Estado deste ano, antes de começar a discutir com o Governo o de 2022, e recusou fazer do Serviço Nacional de Saúde “moeda de troca”.
“Ainda não resolvemos este [Orçamento de Estado] que está em vigor, quanto mais o que há-de vir”, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante uma visita ao Centro de Saúde de Peniche, no distrito de Leiria, no âmbito das eleições autárquicas de 26 de Setembro.
O secretário-geral do PCP sublinhou que a “execução orçamental não está a ser cumprida” em medidas como a “gratuitidade das creches, as questões relativas ao Serviço Nacional de Saúde [SNS] ou o subsídio de risco para as forças de segurança” e insistiu que “a prioridade” é o actual orçamento.
“Neste momento, é o ministro das Finanças que tem a chave do cofre no bolso, por isso vamos continuar a batalhar. Senão, vamos aprovar um orçamento que vale dois ou três meses e o resto fica para o outro e não pode ser”, apontou.
Jerónimo de Sousa recusou fazer do SNS “moeda de troca” das negociações que vai ter com o Governo para o Orçamento de Estado para 2022.
Ao lado da candidata da CDU à Câmara de Peniche, Clara Abrantes, o líder comunista disse que espera que o reforço do SNS, prometido pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, no congresso do fim-de-semana “não seja só uma frase de congresso” e seja para concretizar.
Jerónimo de Sousa defendeu que, no âmbito dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência, “o SNS é um dos sectores prioritários para ser dinamizado para que responda à sua função constitucional de garantia da saúde dos portugueses”, depois de a pandemia de covid-19 ter demonstrado que “não há outra solução senão o SNS”.
Para o líder comunista, é necessário contratar mais profissionais de saúde, que estão em falta, como verificou em Peniche.
Jerónimo pede aposta na produção nacional
O secretário-geral do PCP alertou ainda para a necessidade de apoiar quem é despedido e de investir na produção nacional, quando questionado sobre a redução da taxa de desemprego em Junho.
“Haveremos de retomar o caminho do desenvolvimento e do crescimento, mas convém ver qual vai ser a solução, por exemplo, para aqueles que estão a ser despedidos em massa pelas grandes empresas, qual o investimento na produção nacional é que vai ser feito para conseguir esse alargamento de emprego”, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas.
Jerónimo de Sousa apelou também ao “emprego com direitos” e ao fim da precariedade sobretudo entre os mais jovens.
“A resposta não pode ser trabalhar 180 dias à experiência em trabalhos que se aprendem em dois ou três dias para impedir que esses trabalhadores recebam subsídios de férias e de Natal e tenham direitos”, afirmou.
Em Junho, de acordo com os dados definitivos também hoje publicados, a taxa de desemprego situou-se em 6,8%, um valor inferior em 0,2 pontos percentuais ao do mês anterior e inferior em 0,7 pontos relativamente a um ano antes.
A taxa de subutilização de trabalho em Junho - indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inactivos à procura de emprego, mas não disponíveis e os inactivos disponíveis, mas que não procuram emprego - situou-se em 12,8%, o mesmo valor do mês precedente e 2,9 pontos percentuais face a Junho de 2020.
Já a população desempregada situou-se em 352,6 mil pessoas, tendo diminuído 2,5% (nove mil) em relação a Maio de 2021 e 5,3% (19,8 mil) em relação a Junho de 2020.
O emprego total (medido em número de indivíduos) aumentou 4,3% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano, após cair 1,2% no trimestre anterior, impulsionado pela reabertura gradual da economia, informou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).