Carlos Moedas acusa PS de adormecer país e Suzana Garcia quer fazer tremer o sistema
O PSD está reunido em Faro, a pouca distância do congresso do PS, no fórum autárquico nacional.
O candidato do PSD à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, acusou neste sábado o PS de adormecer a sociedade e o seu adversário Fernando Medina de não gostar de ser escrutinado, dizendo que foi “um fiel porta-voz” de José Sócrates.
“O PS imprimiu uma estratégia de condicionamento que tem levado ao adormecimento social. Este é o momento de combater as ficções criadas e repetidas por uma esquerda socialista que condiciona, adormece. E tudo faz para limitar a acção da sociedade civil”, acusou Carlos Moedas, na sua intervenção no fórum nacional autárquico do partido, em Faro.
Moedas recordou que o Congresso do PS decorre a poucas dezenas de quilómetros (em Portimão) e fez questão de traçar o que consideram serem os “anos-luz” que separam os dois partidos.
“O PSD sempre governou a pensar no país. O PS governa a pensar no partido. O PSD sempre governou a pensar a nas gerações futuras. O PS governa a pensar nas futuras eleições”, criticou.
O antigo comissário europeu defendeu que também ele se distingue do seu adversário socialista à autarquia da capital: “Fernando Medina veio ao Congresso do PS medir forças com os seus concorrentes. Eu estou aqui para ser Presidente da Câmara de Lisboa”, assegurou. “Cabe-nos ser a voz de quem tem medo de levantar a voz por represálias socialistas”, afirmou.
O antigo secretário de Estado de Pedro Passos Coelho acusou os socialistas de não gostarem de “ser escrutinados”, centrando uma vez mais o ataque no seu adversário directo.
“Para Fernando Medina o escrutínio é sempre uma teoria da conspiração, uma cabala. E sabemos como acabaram as cabalas protagonizadas por José Sócrates, de quem Medina foi um fiel porta-voz e membro do Governo, em que, quando o país estava a cair, Medina estava a gritar por José Sócrates”, criticou.
Na sua intervenção, Moedas deixou um “recado” ao secretário-geral do PS, dizendo que “está enganado” ao dizer que o PS é o maior partido autárquico. “O maior partido autárquico da história da democracia somos nós, é o PSD, desde 76 liderámos câmaras mais de 1500 vezes, muito mais que todos os outros”, afirmou.
O candidato reiterou o seu compromisso de baixar os impostos que dependem da autarquia e desafiou o PSD a ser o partido “que diz que tem de se baixar impostos”, porque “as pessoas já não aguentam tantas taxas e taxinhas”.
Numa alusão ao chamado Russiagate na autarquia lisboeta, Moedas deixou uma mensagem aos funcionários da autarquia lisboeta: “Nunca passarei culpas a um funcionário da Câmara Municipal”.
O terramoto Garcia
Também a candidata do PSD à Câmara Municipal da Amadora, Suzana Garcia, interveio no mesmo fórum para dizer que quer “mesmo fazer tremer o sistema instalado”, prometendo oferecer a sua vitória ao presidente do partido, Rui Rio.
Numa intervenção muito aplaudida, Suzana Garcia disse estar consciente que a sua candidatura foi “um risco", quer para si, quer para o presidente do PSD.
“Eu não sou política, nunca quis ser política, apesar de ter sido sempre eleitora do PSD, não sou militante partidária, sou estruturalmente independente, embora solidária e sempre leal, não me vinculo a amarras de disciplina partidária”, disse.
Suzana Garcia justificou a colocação recente de um cartaz de campanha fora da Amadora, em Lisboa em frente à Assembleia da República, prometendo “fazer tremer o sistema”.
“A mensagem é simples e é dirigida a todos os que acham que o povo amadorense não irá aproveitar a oportunidade de ter uma presidente com voz no país e coração na Amadora”, afirmou.
A candidata - num discurso de 15 minutos, depois do apelo da organização para que os restantes oradores falassem apenas cinco, devido ao atraso do programa - manifestou-se confiante na vitória sobre o PS nas eleições de 26 de Setembro, que disse querer oferecer ao presidente do PSD.
“O PSD de Sá Carneiro, aquele a que me habituei, nunca verga, insiste, não desiste, não vira as costas ao povo”, afirmou, acusando o PS de reunir “todos aqueles que se servem do Estado, em vez de servir o Estado”.
País adormecido
A intervenção seguinte coube ao deputado do PSD Duarte Pacheco, candidato à Câmara de Torres Vedras (também socialista), que disse ter aceitado o convite por entender que é preciso “estar disponível na hora em que o partido precisa”.
“Tenho a certeza de que o presidente do partido, daqui a uns meses ou a dois anos, quando for primeiro-ministro, terá uma lista infindável de pessoas disponíveis para o Governo. Não foi preciso esperar por esse momento, nós estamos aqui já hoje”, sublinhou.
O deputado acusou o PS - tal como outros candidatos autárquicos que foram discursando ao longo da tarde - de promover o “adormecimento” do país.
“Que ninguém fique em casa, para no dia 27 de Setembro [dia seguinte às autárquicas] podermos dizer que o país acordou”, afirmou, manifestando-se convicto de que uma vitória é possível em Torres Vedras.
“Eu tenho sangue laranja nas veias, sou social-democrata de olhos fechados, mas se como presidente de Câmara tiver de me opor ao Governo [mesmo com Rio primeiro-ministro] assim farei, ao contrário dos autarcas do PS”, prometeu.
Inverno demográfico
O combate ao declínio demográfico foi abordado ao longo da tarde por vários candidatos, como Carlos Condesso, presidente da distrital da Guarda e que concorre à Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo. “Peço a Rui Rio que apresente um plano de resiliência para inverter este inverno demográfico”, apelou.
Também Pedro Machado, cabeça de lista à Figueira da Foz, defendeu que este é um tema que deve “unir o partido e o país”.
O candidato só indirectamente se referiu ao seu adversário, o ex-líder do PSD Pedro Santana Lopes (que se candidata como independente), dizendo sentir-se “profundamente honrado e orgulhoso” de disputar eleições pelos sociais-democratas e salientando que o partido não pode nunca “deixar de defender o estado de Direito democrático”, depois de já ter apresentado vários recursos judiciais na Figueira da Foz.
As críticas à “propaganda socialista” e à distribuição dos fundos da “bazuca” europeia foram outra tónica forte dos discursos, com o presidente da distrital de Faro, David Santos, a acusar o Governo socialista de “falta de respeito” para com os algarvios quer nesta matéria, quer por ter votado contra a proposta do PSD para reduzir as portagens nas antigas SCUT.