Se é Famalicão, não é para o Sporting
Com o empate no Minho (mais um entre estas equipas), os “leões” igualam FC Porto e Estoril no topo da I Liga, enquanto os famalicenses somam o primeiro ponto, depois de três derrotas.
Em cinco jogos desde que o Famalicão regressou à I Liga, o Sporting não conseguiu vencer nenhum. E dado o que se passou neste sábado, no Minho, no empate a um golo, o mais justo até será dizer que foi o Famalicão quem não conseguiu vencer o Sporting. Com este resultado, os “leões” igualam FC Porto e Estoril no topo da tabela, enquanto os famalicenses somam o primeiro ponto na I Liga, à 4.ª jornada.
Em suma, este foi um jogo em que faltou ao Famalicão um Pedro Gonçalves que finalizasse melhor e faltou ao Sporting um Iván Jaime que desse as soluções de construção que João Mário foi dar para outras paragens. O empate acaba por aceitar-se, dado que ambas as equipas estiveram perto do golo, mas o Sporting pode dar-se por feliz com o ponto conquistado e agradecer a Antonio Adán.
Os treinadores gostam de analisar os jogos falando de “duas partes distintas”, mas, no Minho, foi mesmo a primeira parte que teve duas “subpartes” distintas. O Sporting entrou forte e, sobretudo, capaz de ferir a defesa muito subida do Famalicão – até mesmo para os padrões de uma defesa subida.
O campeão nacional estava a conseguir activar os criativos quer em profundidade, quer em largura, sobretudo pela pouca capacidade de pressão dos minhotos na zona de criação “leonina” – e um comportamento fundamental quando se joga com defesa tão alta é precisamente ser competente a “abafar” os médios adversários quando estes se viram de frente para o jogo. Jovane, aos 2’, isolado por Pedro Gonçalves, e o próprio Pote, assistido por Nuno Mendes, tiveram o golo nos pés em boas situações de remate.
Num jogo algo faltoso e com um critério disciplinar apertado, o Famalicão acabou por acertar o “jogo de pares” na zona média e, aí, acabou o Sporting. Os “leões” começaram a sentir muita falta de um médio mais capaz na criação – Matheus é, sobretudo, jogador de transições – e o jogo foi “mastigado” e feito à base de bolas longas, até porque faltava Pedro Porro, que tanto participava na primeira fase de construção em 2020-21.
Do outro lado, o Famalicão fazia Iván Jaime jogar. E quando o espanhol joga, o futebol sai. O 4x3x3 do Famalicão permitiu que houvesse frequentemente três contra três na zona ofensiva minhota, com Mendes e Esgaio bastante subidos. Depois, com Palhinha e Matheus presos aos médios adversários, o Famalicão teve várias vezes a possibilidade de encarar a defensiva lisboeta de frente, sempre com Jaime na “batuta”. O espanhol isolou Ivo Rodrigues, aos 27’ (dupla defesa de Adán), novamente Ivo promoveu outra defesa de Adán, aos 39’, e Jaime criou situação de finalização, aos 41’.
No regresso dos balneários, um jogador do Famalicão teve o golo nos pés. Quem? Jaime, claro. Foi um remate já dentro da área, um pouco ao lado da baliza.
À entrada para a derradeira meia-hora de jogo, Rúben Amorim teve “toque de Midas”. Lançou Pedro Porro e Nuno Santos e o lateral cruzou para o desvio do ala. Só o poste impediu o golo.
Incapaz de ter jogo interior durante largos minutos, a entrada de Nuno Santos dava mais largura e obrigava a defesa famalicense a alargar-se mais no campo. Foi até dessa forma que o extremo conquistou espaço na esquerda, com marcação atrasada, e deixou “Pote” em posição vantajosa. Faltou um domínio de bola mais competente.
Aos 68’ foi hora de Iván Jaime. Outra vez. O criativo, apagado há alguns minutos, recebeu a bola de frente para o jogo, conduziu, driblou Palhinha (condicionado pelo cartão amarelo, não pôde fazer falta) e isolou Ivo Rodrigues, que finalizou de forma atabalhoada. Acabaram mesmo por ser Gonçalo Inácio e Nuno Mendes a dividirem o ónus de um autogolo.
O resultado só surpreendia quem não via a partida, já que o Famalicão somava mais oportunidades de golo e em algumas fases da partida até teve o controlo total dos acontecimentos.
Só aos 73’ Rúben Amorim deu ao Sporting o “perfume” que faltava em zona de criação, com a entrada de Daniel Bragança para o lugar de um errático Matheus, ao lado de um pouco facilitador Palhinha. Mas até foi numa bola parada que chegou o golo: Palhinha finalizou ao segundo poste, depois de um desvio inicial.
Aos 85’, houve cabeceamento de Paulinho para defesa de Luiz Júnior e, aos 86’, cabeceamento de Tiago Tomás para nova defesa do guardião. Porro foi o inventor de tudo isto, depois de uma excelente entrada em jogo.
Depois do golo “leonino” já não havia táctica: era Famalicão a defender como podia e Sporting a atacar sem engenho. E Adán ainda salvou os “leões” já nos descontos, numa transição minhota.