Linhas vermelhas: incidência no centro do país aumenta. Delta corresponde a quase 100% dos casos em Portugal
Pressão nos hospitais pode aumentar nas próximas semanas devido a tendência crescente no grupo etário acima dos 65 anos. Variante Delta representa 99,3% dos casos entre 9 e 15 de Agosto. Há indícios de “uma fase de crescimento da incidência na região centro”.
A actividade epidémica da covid-19 em Portugal continua com “elevada intensidade, com tendência estável a nível nacional”, resume esta sexta-feira o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). Há, no entanto, uma “provável tendência crescente” na região Centro, assim como nos grupos etários dos dez aos 29 anos e acima dos 65 anos de idade.
O documento que analisa vários indicadores relacionados com a pandemia refere que, a manter-se o quadro actual, a actividade epidémica nos mais velhos e a pressão nos serviços de saúde “poderão aumentar nas próximas semanas”.
Quanto à mortalidade, que no relatório de semana passada se descrevia como “provavelmente elevada, mas com tendência constante”, o indicador apresenta agora uma “tendência estável”, sendo “provável” que continue assim ou até que “comece a diminuir” caso a incidência na população se mantenha “estável a decrescente”. Ainda assim, e apesar de uma diminuição de 15%, continua acima do limiar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), com 15,1 mortes a 14 dias por um milhão de habitantes (o limiar do ECDC é de 10,0).
A incidência da covid-19, de que pode depender a evolução da mortalidade, tem estado com tendência estável em todas as regiões de Portugal, com excepção do centro, que teve um aumento de 21% na última semana, passando para 258 casos por 100 mil habitantes a 14 dias. Ainda assim, a região com o valor mais alto deste indicador é o Algarve, com 720 casos.
Por grupo etário, a maior incidência está nos 20 aos 29 anos, com 806 casos por 100 mil habitantes, apresentando uma “possível tendência estável a crescente”, tal como a faixa com 80 ou mais anos, ainda que com um valor bastante mais baixo de 149 casos por 100 mil habitantes. Se alargarmos o intervalo até pessoas com 65 ou mais anos, o grupo apresenta uma taxa de incidência cumulativa a 14 dias de 124 casos por 100 mil habitantes. É inferior ao “limiar definido de 240 casos”, mas a variação indica uma “tendência estável a crescente”, refere o relatório.
Em relação ao índice de transmissibilidade, o relatório identifica três regiões com um R(t) igual ou superior a 1 – ou seja, em que o contágio se mantém constante ou aumenta –, sendo que, em duas destas, há a notar um aumento no indicador da semana passada para esta: os aumentos foram observados no Norte (0,97 para 1) e no centro (1,01 para 1,10), com a terceira região acima de um a ser o Alentejo (1,02). A subida no centro faz adivinhar o “possível início de uma fase de crescimento da incidência na região centro”, alertam a DGS e o INSA, o que pode levar a que esta atinja o limiar de 480 casos por 100 mil habitantes dentro de “duas semanas a um mês”.
Delta continua a dominar o contágio no país
A pressão sobre as unidades de cuidados intensivos (UCI) em Portugal indica que existe uma dinâmica “estável a crescente”, com mais 6% de casos em UCI do que na semana anterior.
O valor de doentes em UCI presente no relatório é relativo a 25 de Agosto, quando estavam nestas unidades 150 pessoas, sendo que o valor desce um pouco no relatório de situação desta sexta-feira: na quinta-feira estavam 144 camas ocupadas, o equivalente a 56% do limite definido como crítico de 255 camas. As unidades mais pressionadas são as da região do Algarve, com 74% total das camas em UCI ocupadas (17), seguida de Lisboa e Vale do Tejo, com 66% (68 camas).
O relatório de monitorização desta sexta-feira avança ainda que a proporção de testes positivos para o coronavírus SARS-CoV-2 está novamente acima do limite de 4% definido. Nos últimos sete dias foi de 4,4%, face aos 4% da semana anterior. A subida da taxa de positividade é acompanhada por uma descida do número de testes realizados (369.637, menos 32.721 que na semana anterior).
A variante Delta (B.1.617.2), originalmente associada à Índia, continua a ser a variante do novo coronavírus dominante em Portugal representando 99,3% dos casos entre 9 e 15 de Agosto, de acordo com o relatório. Os restantes 0,7% são atribuídos a uma sublinhagem desta mesma variante, a AY.1.
O INSA destaca que a frequência desta variante tem “aumentado em todas as regiões durante as últimas semanas, tendo-se registado valores acima de 95% em todas as regiões”.