Universidades e politécnicos portugueses disponíveis para acolher estudantes afegãos
As universidades e institutos politécnicos portugueses afirmaram, esta quinta-feira, 26 de Agosto, ter disponibilidade total para acolher estudantes afegãos, face à crise “humanitária e de direitos humanos” que o país vive.
As universidades portuguesas manifestaram-se esta quinta-feira, 26 de Agosto, “totalmente disponíveis” para acolher novamente jovens estudantes oriundos de zonas de conflito e em situação de emergência humanitária, como é o caso do Afeganistão.
Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António de Sousa Pereira, deu conta do empenho das instituições em repetir “o sucesso” de programas como os desenvolvidos pela Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada pelo antigo Presidente Jorge Sampaio.
“Várias universidades estão já proactivamente a delinear programas próprios de atribuição de bolsas e apoio à residência para estudantes afegãos, em particular do sexo feminino, como forma de dar o seu contributo ao esforço internacional de auxílio aos deslocados afegãos”, escreveu o reitor da Universidade do Porto.
Na Universidade do Porto, por exemplo, a Faculdade de Engenharia já se propôs a atribuir seis bolsas, cada uma com o valor anual de 9600 euros (800 euros mensais), incluindo os custos de alojamento em residência, indicou o reitor.
“A bolsa seria atribuída até à conclusão do ciclo de estudos, desde que o desempenho académico se mantivesse suficiente (de acordo com critérios idênticos aos definidos no Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo aos Estudantes do Ensino Superior), acrescentou.
No mesmo sentido, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) manifestou já às entidades oficiais portuguesas disponibilidade para acolher estudantes afegãos, disse hoje à Lusa o presidente daquele órgão, considerando tratar-se de uma questão humanitária e de direitos humanos.
O responsável pelo CCISP revelou que há 10 dias manifestou ao ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, e a outras entidades, nomeadamente a plataforma de apoio aos estudantes oriundos de zonas de conflito, a disponibilidade das instituições de ensino para acolher mais estudantes, face “ao problema humanitário e de direitos humanos que o Afeganistão está a viver”.
“Manifestamos todo o empenho neste acolhimento para que essas estudantes possam ter alguma esperança no seu futuro”, acrescentou o presidente do CCISP, remetendo o encaminhamento da questão para o foro diplomático.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio anunciou que a Plataforma Global para os Estudantes Sírios, a que preside, está a preparar um reforço do programa de emergência de bolsas de estudo e oportunidades académicas para jovens afegãs.
Num artigo publicado hoje no PÚBLICO, Jorge Sampaio fez um apelo a todos os parceiros da Plataforma, às entidades oficiais, às instituições do ensino superior, centros de estudos e investigação, bem como empresas, fundações, outras organizações e particulares, para que colaborem mais, disponibilizem apoios, oportunidades académicas e profissionais, estágios e vagas para os jovens afegãos.
Depois da tomada da capital pelos taliban, a 15 de Agosto, que pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos aliados na NATO, incluindo Portugal, milhares de pessoas têm tentado fugir do país.