Catarina Martins defende que é necessário agir no território logo após incêndios
Líder bloquista visitou zonas ardidas do concelho de Tavira depois do fogo de Castro Marim no início da semana.
A líder do Bloco de Esquerda (BE) defendeu sábado à noite no Algarve que é necessário agir “muito depressa” nos territórios atingidos pelos incêndios, porque ficam “mais inseguros quanto mais são abandonados”.
Catarina Martins falava aos jornalistas a meio de uma visita às zonas do concelho de Tavira (Faro) atingidas pelo fogo de Castro Marim no início da semana e realçou: “O que se sabia dos fogos está hoje diferente”, já que as alterações climáticas fazem com que “tenham agora características diferentes”.
A coordenadora nacional do BE afirmou que o partido defende três prioridades para que o território não fique abandonado, sendo a primeira a necessidade de intervir “rapidamente” no território ardido, já que “se ficar abandonado vão crescer eucaliptos e as espécies invasoras que se alimentam do fogo” e “ficará ainda mais perigoso a seguir”. “Não podemos esperar e muitas vezes fica simplesmente ao abandono”, lamentou.
A segunda prioridade implica uma “nova política” para a diversificação da floresta e da agricultura, que contemple o “repovoamento”, defendendo que “é isso que torna o território mais seguro”. A terceira centra-se na Protecção Civil, principalmente do ponto de vista da “formação e qualificação”, dos diferentes operacionais defendendo que é essencial que quem está no terreno não sinta a “frustração de nada ser suficiente” para combater os incêndios hoje em dia.
“As alterações climáticas não são o futuro, são o presente. Mudou a realidade e o território fica mais perigoso se não se agir”, sustentou, advogando que essa acção, esse investimento, “é importantíssimo neste momento”.
Questionada sobre se a solução está no Orçamento para 2022, a dirigente do BE afirmou que “não há ainda orçamento”, mas “há debates a acontecer” no país sobre fundos que estão disponíveis.
Para Catarina Martins, uma das opções pode passar pelos 16 mil milhões disponíveis no Programa de Recuperação e Resiliência, nomeadamente na “componente da formação” dos bombeiros e protecção civil e dos “meios que lhes faltam”.
As verbas da Política Agrícola Comum (PAC) são outra alternativa, com a líder do BE a voltar a defender que “o pior que se poderia fazer” seria continuar a distribuir “boa parte” dos 10 mil milhões de euros da PAC que virão para Portugal até 2027 pelos “latifundiários do costume”, em vez de os aplicar na “diversificação da floresta no desenvolvimento rural e no repovoamento do território”.
“O debate das alterações climáticas é também o debate central sobre como é que vamos gastar milhares de milhões de euros a que o nosso país tem acesso nos próximos tempos. Seria uma autêntica irresponsabilidade fazer tudo como de costume”, defendeu Catarina Martins.