Situação em volta do aeroporto de Cabul continua “volátil e perigosa”

Taliban estão a barrar a passagem das pessoas para o aeroporto, depois de terem afirmado que deixariam partir quem quisesse. Alemão foi ferido a tiro. EUA só conseguiu até agora retirar 3000 pessoas, muito abaixo dos 5 mil a 9 mil que queria retirar por dia.

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Um bebé a ser entregue aos soldados norte-americanos junto a um dos muros do aeroporto de Cabul Reuters/Social Media

Os taliban continuam a manter sob controlo férreo os acessos ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, epicentro de uma ponte aérea para retirar cidadãos internacionais e afegãos que trabalharam para as forças internacionais do Afeganistão, mas ao qual muitos tentam aceder de forma desesperada, procurando atravessar o cordão apertado montado pelos jihadistas que, volta e meia, vergastam alguém ou disparam para o ar.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão afirmou que a situação em torno do aeroporto continua “perigosa e volátil” e a embaixada fala de um contexto “extremamente confuso” e de pessoas cada vez mais desesperadas nas imediações, como atestou uma testemunha à agência alemã DPA.

Alberto Zanin, coordenador médico da ONG Emergency, advertiu sobre o “caos” em que se vive naquela zona da capital afegã. O hospital gerido pela organização em Cabul tem recebido nas últimas horas “pelo menos” cinco novos pacientes com ferimentos de bala, vindos das imediações do aeroporto, explicou no Twitter.

Ulrike Demmer, porta-voz do Governo alemão, confirmou que um alemão foi ferido a tiro quando se dirigia para o aeroporto para ser transportado para fora do Afeganistão. “A sua vida não corre perigo”, pelo que Berlim espera conseguir “rapidamente” retirá-lo do país.

As autoridades norte-americanas, por seu lado, dizem já ter retirado 3 mil pessoas, um número que fica muito aquém dos 5 mil a 9 mil pessoas de que falava o major-general William Taylor na terça-feira, numa conferência de imprensa no Pentágono.

O ministro das Forças Armadas britânico, James Heappey, reconheceu esta sexta-feira, em declarações à ITV, que alguns dos aviões fretados para recolher pessoas em Cabul tiveram de descolar sem terem todos os lugares ocupados, tal como tem ocorrido com aeronaves enviadas por outros países. Muitas vezes chegam a descolar com um décimo dos passageiros porque pura e simplesmente as pessoas não conseguem chegar ao aeroporto.

“Seria egoísta manter um avião em terra até que estivesse completamente cheio se há um avião italiano, espanhol ou norte-americano esperando, a dar voltas sobre Cabul”, explicou Heappey.

Os taliban haviam anunciado que deixariam passar todas as pessoas que pretendessem sair do país, no entanto, aquilo que se tem verificado é que a situação no terreno é completamente diferente, porque os jihadistas afinal estão a exercer um controlo maior em relação a quem deixam ou não passar.

Por exemplo, conta o Guardian esta sexta-feira que muitas pessoas com passaporte australiano não têm conseguido alcançar o aeroporto porque os taliban os recusam a deixar passar. Mesmo quando mostram a mensagem enviada que receberam a convocá-los.

Com Europa Press

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