Un bel regista, Antonioni
Michelangelo Antonioni provocou uma dissensão no cinema mundial quando disse violentamente ao grande público que um filme não era um somatório de perguntas e de respostas narrativas. O impacto foi divisivo, extremou os humores dos seus contemporâneos e continua a ser uma aventura para os espectadores de hoje. A Leopardo Filmes propõe o ciclo.
Estávamos em 1962 e Michelangelo Antonioni, que vinha de estrear O Eclipse, último tomo da sua oficiosa “trilogia da incomunicabilidade” (depois de A Aventura e de A Noite), era um dos realizadores mais famosos do cinema europeu. O Eclipse estreou em Abril desse ano, e oito meses mais tarde, em Dezembro, Dino Risi estreava A Ultrapassagem. A certa altura do fabuloso filme de Risi, havia este diálogo (praticamente um monólogo) de Vittorio Gassman com o seu jovem amigo Jean-Louis Trintignant: “Gosto muito de [Domenico] Modugno, e esta canção deixa-me louco. Parece muito simples, mas fala de tudo. Solidão, incapacidade de comunicar, e todas essas coisas que agora estão na moda. Alienação, como nos filmes de Antonioni. Viste O Eclipse? Eu adormeci. Foi uma bela sesta. Grande realizador, Antonioni. Uma vez vi-o ao volante do seu Flaminia Zagato, até caí para o lado”.
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