Eleitores do Corvo são os que mais participam em eleições autárquicas

Marktest desenvolveu um estudo que reflecte sobre os resultados obtidos pelos partidos e coligações, em eleições autárquicas, entre 1976 e 2017. Em média, o Corvo, nos Açores, é o concelho onde a taxa de participação é mais alta.

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Imagem de uma reportagem na ilha do Corvo, o primeiro território da Europa a ter a população toda vacinada Rui Soares

Nos 12 actos eleitorais autárquicos que se realizaram em Portugal entre 1976 e 2017, o Corvo (Açores) é o concelho onde os eleitores têm tido a participação eleitoral mais elevada. A média desta região atinge os 80,3%, quando a média do país se situa quase 20 pontos percentuais abaixo, nos 62,1%. Este é apenas um dos resultados que constam do estudo “45 Anos de Eleições Autárquicas em Portugal” (acesso pago) realizado pela Marktest ao longo dos últimos meses.

Ao longo de 400 páginas de textos, quadros, gráficos e mapas, os técnicos da Marktest analisam os resultados de todas as eleições autárquicas já realizadas em Portugal, cruzando dados como o número de inscritos, os votantes, os votos em branco e nulos, as votações por partido ou coligação a a abstenção. É neste último ponto que se conclui que “entre 1976 e 2017, a participação eleitoral foi, em média, de 62,1%, o que coloca a abstenção nos 37,9%”, sendo que as “últimas duas eleições – em 2013 e 2017 – foram as que tiveram mais abstenção" (52,6% e 55,0%, respectivamente.).

A pouco mais de um mês das eleições autárquicas marcadas para 26 de Setembro, é também revelado que “o concelho do Corvo, na Região Autónoma dos Açores, foi o que apresentou a taxa de participação eleitoral média mais elevada (80,3%) nas 12 eleições” analisadas, isto apesar de os Açores serem, no seu todo, a região do país com as taxas de abstenção mais elevadas, sobretudo em eleições europeias

A questão da abstenção nos Açores já foi, aliás, objecto de estudo por parte do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade dos Açores (em Abril de 2019), com coordenação do sociólogo Álvaro Borralho. Nele, as duas razões mais apontadas pelos açorianos para a abstenção eram a “falta de interesse” (59,9%) e a “falta de cidadania” (12,8%). E os principais responsáveis pelo aumento da abstenção eram o Governo (88,8%), os deputados (88,2%) e os partidos 85,5%. 

Depois do Corvo, surgem três concelhos do continente, no distrito de Portalegre: Avis (79,5%), Fronteira (78,3%) e Sousel (78,2%). Curiosamente, foi em Avis que se registou, no ano de 1979, a maior taxa de participação eleitoral: 92,6% (este foi, aliás, o ano em que todo o país foi mais às urnas, registando-se uma taxa de participação de 73,8%)​. Já a taxa mais reduzida foi registada em Constância, em 1976: 36,8%.

“Nas últimas eleições autárquicas, em 2017, os eleitores de Barrancos registaram a maior taxa de participação (80,9%), enquanto os de Albufeira foram os que menos participaram (39,3%)”, lê-se ainda no folheto disponibilizado pela Marktest sobre o estudo.

A Marktest compilou os dados disponíveis na Direcção-Geral da Administração Interna (antigo Secretariado Técnico para os Assuntos do Processo Eleitoral ou STAPE). Não foram considerados actos eleitorais intercalares ou repetições de eleições que tenham ocorrido no período em análise. O estudo detalha os resultados das 196 siglas que concorreram às eleições entre 1976 e 2017.

Além de registar a evolução por distrito dos resultados eleitorais e de fazer a análise cartográfica por concelho, o relatório foca ainda o índice de fidelidade partidária e as transferências de voto no último acto eleitoral e disponibiliza uma ficha com os resultados de todas as eleições autárquicas para os 308 concelhos do país.

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