Carlos Vaz Marques sai da TSF com “indignação” e acusa Global Media de bullying
Jornalista acusa a Global Media Group de “bullying profissional”. A administração “rejeita todas as acusações”.
O jornalista Carlos Vaz Marques sai com estrondo da TSF, acusando a empresa que detém a rádio, a Global Media Group, de “bullying profissional”. A administração “rejeita todas as acusações”.
Num post que fez na manhã de terça-feira no Facebook, o jornalista começa por fazer um balanço muito positivo dos seus quase 32 anos na TSF. A essa parte, que intitula de “gratidão”, segue-se uma outra, que intitula de “indignação”.
“Vi-me durante meses sob uma situação que só posso descrever como uma forma de bullying profissional”, afirma. “Foi a própria TSF a acabar unilateralmente com o programa ‘O Livro do Dia’ e o novo director achou que depois de mais de uma década sem qualquer aumento salarial estava na altura de me fazer aceitar um corte no vencimento para menos de metade.”
O Livro do Dia, uma parceria com o Plano Nacional de Leitura, deixou de ir para o ar em Julho de 2019. Nessa altura, o director era Arsénio Reis, que ocupava o cargo desde 2016. Pedro Pinheiro assumiu o lugar de director interino até Domingos de Andrade transitar do Jornal de Notícias, em Novembro de 2020.
Conhecendo a disparidade salarial na rádio, a nova direcção prometeu aumentos para os jornalistas com salários abaixo de mil euros. Carlos Vaz Marques, um dos jornalistas mais prestigiados da casa, estava noutro escalão. Como o programa “Governo Sombra” não lhe ocupava o tempo inteiro, propôs-lhe uma redução salarial ou o regresso ao noticiário.
No seu post, Carlos Vaz Marques explica que sugeriu “o regresso de ‘O Livro do Dia’ ou uma rescisão amigável, nos termos em que no ano passado outros jornalistas deixaram a empresa”. Domingos Andrade, porém, não revelou qualquer interesse em recuperar esse programa. Lembrou que já estava encerrado o processo que levara à saída de cerca de uma dezena de jornalistas.
Carlos Vaz Marques aceitou regressar ao noticiário. Foi então posto a cumprir horário três dias por semana, sob o comando de Artur Carvalho. “Ao longo dos últimos meses a minha actividade profissional limitou-se (nos dias em que houve alguma coisa para fazer, pois na maior parte deles em nada pude contribuir para a antena da TSF, embora sujeito a cumprir horário), a uns telefonemas de circunstância e à recolha de curtas declarações telefónicas gravadas a respeito de temas correntes, frequentemente sem qualquer relevância noticiosa”, escreveu.
Entretanto, continuava a tentar negociar a saída. Nas suas palavras, tentou “sensibilizar a direcção de recursos humanos da empresa para o atropelo de que estava a ser vítima”. “Tudo em vão”, resume. “Perante isto e mais um punhado de circunstâncias que constarão do processo que seguirá os trâmites legais adequados, decidi ser tempo de não aceitar mais ofensas à minha honra e dignidade profissional.”
Numa resposta por escrito, através da assessoria de imprensa, a administração da empresa “rejeita todas as acusações”. “O âmbito que seguirá para tribunal esclarecerá o comportamento de cada uma das partes neste processo”, declara.