Harlem, o centro do mundo foi ali
Os fabulosos anos 20 do século XX. No topo do Central Park, em Nova Iorque, um bairro tornou-se a maior metrópole negra onde se acreditou que a arte podia fazer mais pelos direitos dos homens e mulheres negros do que a política. O movimento conhecido como Harlem Renaissence ditava as regras da cultura e da moda, via nascer pensamento que esteve na origem do Movimento dos Direitos Civis. As suas ramificações e influência permanecem.
Foi há cem anos. Em 1921, quatro escritores ligados ao movimento teatral conhecido por vaudeville estreavam uma comédia musical num dos teatros da Broadway, o Daly’s 63rd Street Theatre. Nada de estranhar não fosse o facto de autores, produtores e elenco serem afro-americanos. A peça chamava-se Shuffle Along e revelava nomes como o de Josephine Baker, Adelaide Hall, Florence Mills, Freddy Washington e Paul Robeson. Refutando as previsões mais temerosas que desconfiavam de um cartaz exclusivamente negro numa sala para público branco, o musical teve mais de 500 apresentações. Pela primeira vez na história daquele país, a experiência negra – ainda que no tom da comédia – era contada por negros para uma audiência branca.
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