Vitória expressiva do líder da oposição nas eleições zambianas

Hakainde Hichilema conseguiu 2,8 milhões de votos contra 1,8 milhões de votos do actual Presidente. Edgar Lungu ainda falou em fraude, mas reconheceu a derrota.

Apoiantes de Hakainde Hichilema festejam a vitória do líder da oposição nas eleições presidenciais
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Apoiantes de Hakainde Hichilema festejam a vitória do líder da oposição nas eleições presidenciais EPA/STR
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Hakainde Hichilema, o Presidente eleito, ganhou ao fim de várias tentativas frustradas - em 2016 perdeu por 100 mil votos MIKE HUTCHINGS/Reuters

À sexta foi de vez para Hakainde Hichilema. Em 2016 tinha perdido à corrida à presidência da Zâmbia por cerca de 100 mil votos, agora ganhou por quase milhão de votos de diferença, uma diferença que terá garantido uma transição pacífica de poder, que se temia pudesse vir a não acontecer se a diferença entre os dois candidatos fosse mais estreita. Em 2017, o país já tinha estado quase à beira do abismo, quando Hichilema perdeu para Lungu por pouco.

Edgar Lungu ainda reclamou fraude e no discurso de aceitação da derrota transmitido pela televisão falou em eleições que não foram nem livres nem justas, mas o importante para um dos países mais estáveis de África, é que se mostrou empenhado numa transmissão de poder tranquila.

Hichilema, conhecido por HH ou Bally, também procurou colocar água na fervura, enterrando o machado de guerra que marcou a campanha eleitoral e estendendo a mão a Lungu, sem deixar de recorrer à ironia: “Não se preocupe, vai ficar bem, não terá de enfrentar represálias nem será atacado com gás lacrimogéneo.”

O Presidente eleito várias vezes denunciou manobras de intimidação e tentativas de o fazer calar por parte dos apoiantes de Lungu. Chegou mesmo a ser detido e mantido na prisão durante seis meses em 2017, acusado de traição e de tentativa de golpe de Estado.

De acordo com o presidente da comissão eleitoral zambiana, Esau Chulu, o Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional, de Hichilema, conseguiu 2.801.757 votos, contra 1.814.201 da Frente Patriótica, de Lungu. Os resultados foram apresentados quando faltava apurar um dos 156 círculos eleitorais do país, mas cujos votos não alterariam o resultado.

Tão tensa como concorrida, a eleição contou com uma alta taxa de participação, superior a 70% da população recenseada e houve mesas de voto que tiveram de se manter abertas até às cinco da madrugada para permitir que todos os que estavam na fila pudessem votar.

Apesar de a contagem de votos apontar desde domingo para a derrota do Presidente e de a oposição (que se juntou numa coligação de dez partidos para apoiar Hichilema) lhe pedir que reconhecesse o resultado o quanto antes para evitar confrontos, Lungu esperou até ao meio dia (11 horas em Portugal continental) de segunda-feira para admitir o inevitável, felicitando o rival pela vitória.

“Quero felicitar o meu irmão, Hakainde Hichilema, Presidente eleito, que se torna o sétimo Presidente da República” da Zâmbia, disse Lungu, que governa o país desde 2015. Agradecendo aos zambianos por lhe terem permitido “a oportunidade” de ser Presidente, o chefe de Estado garantiu que tentou servir o país “o melhor possível”.

No entanto os seus seis anos de mandato foram criticados por abusos de direitos humanos, corrupção, crise económica e desemprego galopante, factos bem aproveitados por Hichilema, um homem de negócios de 59 anos, para finalmente chegar ao poder.

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