Accionista da TAP, empresas de transportes, de armas de caça e de tomate entre os financiadores do Chega

Empresários transferiram donativos de 5000 euros cada para partido de André Ventura, que não se coibiu de defender a injecção de mais dinheiro público na TAP e de elogiar a gestão da família Pedrosa na empresa.

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André Ventura, deputado e líder do Chega LUSA/LUÍS FORRA

O que têm em comum o dono do Grupo Barraqueiro, Humberto Pedrosa, que detém um quarto do capital da TAP; o dono dos Transportes Paulo Duarte (um dos gigantes nacionais do transporte de mercadorias), José Paulo Duarte; o dono da Sodarca – Sociedade Distribuidora de Armas de Caça e da Helibravo (empresa de aviação civil e que costuma participar nos concursos públicos de aeronaves de combate a incêndios), João Maria Bravo; e o dono da Sugal, empresa de transformação de tomate do distrito de Santarém, Jorge Ortigão Costa? Os seus nomes aparecem na lista de doadores de contribuições para o Chega durante o ano de 2020, com transferências de cinco mil euros cada.

A informação foi divulgada pelo Expresso, depois de a Sábado já ter também noticiado esta semana o donativo em nome de Humberto Manuel Pedrosa. Mas o empresário garante ao jornal semanário que o financiamento não foi feito por si, mas sim pelo filho, Artur Pedrosa, com quem tem a conta conjunta a partir da qual foi feita a transferência. “Tratou-se de uma contribuição pessoal da iniciativa do meu filho”, afirma.

Apesar de Artur Pedrosa não fazer parte da administração da TAP, onde estão o pai e o irmão, integra a equipa de gestão do grupo Barraqueiro através do qual a família tem a quota na TAP. E foram várias as vezes em que, no último ano, André Ventura se mostrou a favor da injecção de dinheiro público na transportadora aérea e contra a hipótese de nacionalização forçada, e elogiou a gestão privada da companhia.

Segundo o Expresso, que consultou a documentação sobre as contas anuais do Chega junto da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, para além destes donativos, há também registos de entradas quase diárias de dinheiro, na ordem das centenas ou milhares de euros, cuja proveniência não está identificada nos extractos e que foram feitas através da plataforma Ifthenpay, que funciona através da atribuição de referências multibanco na parte do site do partido destinada aos donativos.

A lei do financiamento dos partidos e campanhas estipula que os donativos têm que ser feitos por cheque ou por um meio bancário que permita a identificação da sua origem e montante – estão proibidos os donativos anónimos. E também distingue entre as contribuições dos militantes e de outras pessoas singulares, já que os donativos de quem não é filiado no partido estão sujeitos a um limite anual de 25 vezes o indexante de apoios sociais, ou seja, em 2020, era um total de 10.970 euros. A Entidade das Contas irá agora fazer a auditoria às contas dos partidos e só deverá ter conclusões dentro de um ano.

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