Covid-19: vacinação suspensa no Queimódromo do Porto, doses usadas podem ser “consideradas nulas”
Vacinas dadas na segunda e terça-feira podem ser consideradas nulas, admite Henrique Gouveia e Melo, mas saúde dos utentes não está em risco.
A vacinação no Queimódromo do Porto foi esta quinta-feira suspensa pela coordenação da task force de vacinação por suspeitas de uma falha na cadeia de frio durante o processo de distribuição das doses.
O responsável da task force, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, clarificou que a falha se deveu a uma falha do frigorífico que armazena as vacinas. Os utentes que deveriam ser vacinados ao longo dia foram reencaminhados para outros postos de vacinação. “O primeiro efeito é perdermos capacidade num espaço específico de vacinar. Temos outras capacidades que podem responder imediatamente – e foi o que fizemos”, começou por dizer Gouveia e Melo, durante uma visita a outro centro de vacinação na cidade do Porto.
Os utentes inoculados com estas vacinas não correm risco de saúde, tranquiliza Gouveia e Melo, acrescentando que a eficácia destes fármacos – que não estiveram armazenados à temperatura correcta – será agora avaliada. Se se comprovar que a eficácia foi afectada, estes utentes têm de ser novamente inoculados.
“Do que é o nosso conhecimento não há impacto na saúde das pessoas. O que há é a vacina ser considerada nula: isso ainda vai ser avaliado por um protocolo. Apesar de as vacinas terem fugido à temperatura em que deviam estar guardadas podem continuar activas. Isso é o que temos de verificar agora”, explicou.
Perto de mil utentes foram vacinados durante os dois dias em questão e vão, por isso, ser contactados, de acordo com o vice-almirante. Um conjunto de mil vacinas, que deveria ser utilizado esta quinta-feira no Queimódromo, está sob vigilância.
O PÚBLICO tentou falar com responsáveis no Queimódromo, mas o centro de vacinação estava encerrado e sem profissionais de saúde. Logo acima, no centro de testagem drive-thru, não houve disponibilidade para prestar declarações.
A logística deste centro, que permite a vacinação das pessoas nos próprios carros, está a cargo da autarquia do Porto. Em declarações à TSF, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse esperar que as questões técnicas que obrigaram ao encerramento sejam resolvidas para que o espaço “continue a cumprir a sua missão”.
“Tem permitido que as pessoas sejam vacinadas com conforto e tem tirado pressão a outros centros de vacinação do Porto que de outra forma têm sobrecarga”, referiu o autarca. A curto prazo, esta suspensão dos serviços pode voltar a afectar o funcionamento dos outros espaços de vacinação, mas Rui Moreira acredita que o problema possa ser resolvido rapidamente, à semelhança de outras situações que já aconteceram no país.
Num comunicado enviado à imprensa ao início da manhã, a task force indicava que a decisão de suspender a vacinação tinha sido tomada para “averiguação do cumprimento das normas e procedimentos em vigor”, sendo que vai ser solicitada uma investigação à Inspecção-Geral das Actividades de Saúde (IGAS).
Os utentes que foram vacinados esta segunda e terça-feira vão ser contactados pelas entidades de saúde, até à próxima semana, para “monitorizar a eficácia das vacinas inoculadas”. Os utentes podem esclarecer as suas dúvidas através do e-mail de vacinação da ARS Norte.
“Dadas as características das vacinas contra a COVID-19, não é expectável que a falha ocorrida no processo de conservação tenha impacto na saúde dos utentes”, referia também a nota, acrescentando que o Infarmed está a acompanhar a situação. Caso exista uma suspeita de reacção adversa, a task force refere que esta deve ser comunicada através do Portal RAM.
Os agendamentos que estavam previstos para este centro de vacinação vão ser reagendados para outros centros nas proximidades.
Notícia corrigida às 11h55: ao contrário do inicialmente avançado pela task force, o período de vacinação em análise foca-se nos dias de segunda e terça-feira.