EUA, China e Rússia não reconhecerão qualquer Governo afegão que tome o poder pela força
Na declaração conjunta depois de conversações em Doha, no Qatar, pede-se que o processo de paz para o Afeganistão seja acelerado.
Estados Unidos, China, Rússia e outros Estados pediram esta quinta-feira que se acelere o processo de paz para o Afeganistão e um cessar imediato das hostilidades, no fim de uma reunião em Doha, capital do Qatar. As partes concordaram que um processo de paz se tornou “uma matéria de grande urgência”.
A declaração conjunta, citada pela Reuters, reafirma que os participantes não reconhecerão nenhum Governo afegão “imposto através do uso da força militar” e garantem o seu compromisso de auxiliar na reconstrução do país assim que um acordo político “viável” seja alcançado.
De acordo com a Al-Jazeera, a delegação do Governo afegão, chefiada por Abdullah Abdullah, presidente do Alto Conselho para a Reconciliação Nacional, ofereceu aos taliban a possibilidade de partilha de poder em troca do fim da violência no país. Segundo a televisão, a oferta terá sido feita por via indirecta, usando os canais diplomáticos do Qatar.
As conversações em Doha foram estabelecidas para tentar encontrar uma solução política perante a ofensiva taliban iniciada depois do anúncio de retirada das tropas norte-americanas e acelerada nos últimos dias.
Os taliban já conquistaram pelo menos 11 capitais provinciais (a 12ª, Kandahar, segunda cidade do país e berço do movimento fundamentalista, já foi anunciada esta quinta-feira, mas não confirmada) e parecem caminhar a passos largos para a capital, Cabul. Os Estados Unidos dizem que esta pode cair em 90 dias, ontem já se falava em 30 dias (e Washington ordenou a retirada do pessoal não essencial da sua representação diplomática).
Na declaração conjunta, os países pedem o fim dos ataques contra capitais provinciais e outras cidades e pedem a ambas as partes que cheguem a um cessar-fogo e a um acordo político rapidamente.
Além de EUA, Rússia e China, também participaram nas conversações o Paquistão, as nações Unidas e a União Europeia.