Queer Fest regressa em Setembro para dias de “celebração e luta”

O Queer Fest decorre entre 8 e 11 de Setembro, em Lisboa e Cascais. O festival de música, performance, literatura, artes plásticas e debate reúne artistas e a comunidade LGBTQIA+ em dias de celebração e protesto contra a homofobia, o machismo e a xenofobia.

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Reuters/MARTON MONUS

O Queer Fest, festival de música, performances e debates sobre cultura e arte LGBTQIA+, regressa em Setembro para a 2.ª edição, que vai novamente dividir-se entre Lisboa e Cascais, anunciou esta terça-feira, 10 de Agosto, a organização. A 2.ª edição do Queer Fest vai decorrer entre 8 e 11 de Setembro na Casa Independente, em Lisboa, e na Sociedade Musical União Paredense (SMUP), na Parede, concelho de Cascais.

“Espelhando ainda os efeitos da pandemia, o festival de música, performance, literatura, artes plásticas e debate queer insiste, pela segunda vez (teve início em 2020), no seu propósito de reunir es artistas e a comunidade LGBTQIA+ [Lésbica, Gay, Bissexual, Trans, Queer, Intersexo, Assexual e todas as diversas possibilidades de orientação sexual e identificação de género que existam] em vários dias de celebração e luta”, lê-se no comunicado.

O Queer Fest arranca no dia 8 de Setembro, na Casa Independente, com o debate Queer Q? 1: Os Significados, moderado por Maribel Sobreira e que conta com a participação de Andreia Coutinho, Kali e João Caçador. O dia prossegue com leituras, por André Tecedeiro, Cláudia Jardim, João Vilhena, Raquel Smith-Cave, Madalena Ávila, Joana Neves e Rita Natálio.

O primeiro dia termina com um concerto da Stravaganza Colorata, projecto de Maria do Mar (violeta) e David Campelo (flautas de bisel), que se propõem a “queerizar a música antiga e os seus formalismos concertantes por meio de uso encenado, performativo e recodificado da imagética do Barroco e do Renascimento”.

O programa de dia 9 de Setembro, também na Casa Independente, inicia-se também com um debate, Queer Q? 2: As Lutas, com moderação de Rui Eduardo Paes e que conta com a participação de Joana Neves, um representante do Projecto Educação LGBTI e Carmo G. Pereira. Para esse dia estão ainda marcadas duas performances - pela performer e actriz Rafaela Jacinto e pela coreógrafa, bailaria e performer Gaya de Medeiros, que fez espectáculos de drag queen com o nome Babaya - e dois concertos - de Carincur e Érika Machado.

Para o terceiro dia do Queer Fest, a 10 de Setembro na Casa Independente, estão agendados apenas concertos. Nesse dia actuam Frik.são, a lake by the mõõn, Neverknew, bbb hairdryer, Maria João Fura e Dakoi.

Em 11 de Setembro, o Queer Fest muda-se para a SMUP, onde haverá uma mostra de arte queer, com curadoria de Vítor Serrano e o tema Queer q?. “Pediu-se uma abordagem livre e individual que nos defina enquanto movimento e enquanto pessoas queer em acto de reivindicação dos nossos próprios corpos. O objectivo é que todos os trabalhos expostos sejam disponibilizados para venda, em registo de benefit, com as receitas a reverterem para as próximas edições do festival”, refere a organização.

O dia prossegue com performances e leituras, por Rezgate (Rezmorah & Gadutra), Mário Afonso e Teresa Coutinho, e termina com concertos de Gael de Papel, Mara Nunes, Maria Bruxxxa, Sofia Queiroz Orê-Ibir, As Docinhas e um DJ set pela equipa do festival.

O festival, segundo a organização aquando do anúncio da 1.ª edição, foi criado com o propósito de reunir “projectos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género” num mesmo evento, “que possa projectar essas vozes e marcar a sua diferença numa sociedade em processo de normatização/homogeneização pela negativa, cada vez mais cinzenta e opressiva”.

A organização lembrava que estes projectos se têm multiplicado em Portugal numa altura em que “o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e actos, da xenofobia, do machismo e da homofobia”. Em tempos como este, salienta a organização, “não podem a música e as demais artes performativas fazer outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado”.

“A perspectiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente”, defende a organização.

O Queer Fest, com direcção artística de Rui Eduardo Paes e Maria do Mar, é uma co-produção da Cultura no Muro, Casa Independente e SMUP.