“As origens das nossas neuroses sociais estão nas elites”
Em 2019, foi a primeira mulher negra a liderar uma candidatura às legislativas, então filiada ao Livre, entrando no Parlamento com estrondo. Joacine Katar Moreira não poupa ataques às elites - em particular aos media - pelas barreiras que colocam ao debate anti-racista. “Ridicularizamos todos os debates necessários.”
“Irmã, tu já não és africana, tu és portuguesa! Vais para África fazer o quê?” Foi ao fim de mais de uma década a viver em Portugal, onde chegou aos oito anos, que Joacine Katar Moreira, deputada e historiadora de origem guineense, percebeu que havia “muitas interseccionalidades” na sua existência. Faz uma pausa nas férias com a família para uma conversa com o P2, onde fala sobre as raízes guineenses e o entrelaçar do percurso anti-racista com as ideias ambientalistas do partido que a elegeu - e com o qual entrou em ruptura. Aponta o dedo à comunicação social e às elites por tornarem difícil que o debate sobre o racismo se aprofunde. “São as elites que têm tido um papel relevante na má condução da questão racial”, afirma. Em período de Jogos Olímpicos, com o triunfo de atletas portugueses negros, é este o ponto de partida.
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